Desempenho

Desempenho

A raça Guzerá chegou aqui a partir de 1870 e é apontada como grande responsável pela consolidação do Zebu no Brasil. Foi trazida para arrastar carroções de café nas montanhas do Rio de Janeiro, mas logo provou sua rusticidade diante dos carrapatos e doenças tropicais que dizimavam o gado europeu. Ao mesmo tempo, produzia crias lucrativas no abate e fêmeas lucrativas na produção de leite. Além disso, não demonstravam cansaço quando faziam longos percursos. Era, portanto, um bovino que podia ser criado nos sertões, onde a busca pelo alimento exigia longas caminhadas.

Na grande seca de 1978-83, registrada na região nordeste, quando caía o primeiro Guzerá para morrer, todos os animais de outras raças já tinham morrido. Era ele que lotava, nesse período, o recinto da Expo. Nordestina!

Mais recentemente, as criações extensivas perceberam que a infusão de sangue Guzerá reduzia a mortalidade das crias no período seco e também diante dos predadores. Surgiu, assim, o "Guzonel", um gado que inaugurou o estudo de uma linhagem maternal para a pecuária de corte, formada por cruzamentos interzebuínos.

O Guzerá, portanto, faz parte do desenvolvimento da moderna pecuária dos trópicos, tendo como base sua habilidade materna exemplificada por linhagens de boa produtividade leiteira.

Leite - A raça Guzerá é famosa pela produção de leite-indústria, ou seja, leite com elevado teor de gordura e proteína. A produção média verificada em Controles Leiteiros Oficiais é de 2.500-3.000 kg, a nível de curral. Há muitas vacas acima de 4.500 kg e várias dezenas acima de 5.000 kg. As recordistas passam de 7.000 kg. A raça Guzerá é famosa pelo teor de gordura no leite. A recordista é "Faísca-JA" com 14,5%, seguida por diversas outras que atingiram mais de 10,0% na produção diária.

Peso - As fêmeas pesam entre 450-650 kg, com recorde de 941 kg e muitos animais acima de 800 kg; os machos pesam entre 750-950kg, com recordes acima de 1.150 kg. O Guzerá tem sido o vencedor tradicional das Provas de Ganho de Peso, da ABCZ. O resultado publicado das 200 primeiras provas mostram que o Guzerá foi a raça mais testada.

A raça mais versátil - Modernamente, a demanda por Guzerá é enorme, pois o mestiço "Guzonel" constitui uma notável vaca-criadeira, unindo rusticidade, carcaça e precocidade. A modernização da pecuária de corte, portanto, passa pelo Guzerá. A vaca Guzerá, ou guzeratada, também é altamente lucrativa para ser cruzada com raças européias. Por outro lado, o Guzerá leiteiro é a melhor opção para cruzamento com o Girolando, formando um "tricross" leiteiro. Assim, a modernização da pecuária leiteira tropical também passa pelo Guzerá. Estas duas alternativas elegem o Guzerá como sendo "a mais versátil raça zebuina da atualidade".

Para comprovar esta afirmação basta observar que o Guzerá é a raça zebuína que mais tem sido empregada para formação de raças sintéticas, destacando-se: o Brahman, o Santa Gertrudis, o Indubrasil, o Pitangueiras, o Lavínia, o Xingu, o Cariri, o Santa Mariana, e várias outras.

Pesquisa genética - Atualmente, existem dois centros de pesquisas de Guzerá em funcionamento e o CBMG - Centro Brasileiro de Melhoramento Genético do Guzerá, com sede em Uberaba, junto da Associação. Também está presente nos centros de pesquisas governamentais seguintes: Emparn-Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (São Gonçalo do Amarante, RN), Emepa-Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Alagoinhas, PB), EBDA-Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário (Feira de Santana, BA), Siagro-Centro de Criação de Italva (Italva, RJ), IZ-Instituto de Zootecnia (Sertãozinho, SP), Unesp (Ilha Solteira, SP).

O programa de cruzamentos iniciado em 1975, na Estação Experimental Zootécnica de São Gabriel, RS, envolvendo novilhas Devon com touros Guzerá, Santa Gertrudis, Liousine e Devon, mostrou nítida vantagem para os mestiços Guzerá, com 74,36% de natalidade, 461 kg de peso vivo e 58% de rendimento.