Setembro Amarelo: psiquiatra fala sobre importância da campanha
O mês de setembro traz uma importante reflexão relacionada à Saúde Mental, o Setembro Amarelo. A campanha é uma iniciativa coletiva com o objetivo de salvar a vida de pessoas em sofrimento mental com uma abordagem às claras sobre o suicídio. Por meio do Setembro Amarelo, diversas empresas, instituições, famílias e amigos se engajam na causa, com a escuta empática, de forma a entender as diversas situações que levem à ideação suicida e, a partir dessa identificação, auxiliar na prevenção.
De acordo com o psiquiatra do Instituto Maria Modesto, Vinicius Sguerri, o autoextermínio ainda é um "tabu" na maior parte das sociedades, devido ao estigma que carrega. "Por isso, a abordagem do suicídio em campanhas de conscientização, como o Setembro Amarelo, mostra à população a necessidade de se falar abertamente de um assunto caro à sociedade e que é associado a múltiplos transtornos mentais, fazendo que se conscientize a população, tanto de pacientes, quanto de familiares e amigos, para a disponibilidade de acesso e tratamento aos múltiplos dispositivos de suporte às pessoas", explica.
E para a devida identificação de possíveis transtornos mentais, é preciso estar atento aos sinais. "A tristeza, a irritação, o desânimo, o prejuízo de conciliação do sono, com insônia, seja ela inicial ou terminal, o pensamento acelerado e a dificuldade de realização de tarefas, assim como a redução do interesse por atividades, são manifestações em que devemos estar atentos enquanto pessoas, assim como enquanto sociedade e oferecer ao indivíduo o acolhimento e a indicação dos locais para acesso aos tratamentos, das múltiplas formas disponíveis, para a promoção de Saúde Mental", complementa.
O médico ainda aborda sobre os principais fatores de estresse nos ambientes de trabalho e acadêmico. "As jornadas extensivas, a privação do sono e a necessidade intensa do cumprimento de metas são situações que podem trazer aos trabalhadores prejuízos relacionados à Saúde Mental. Já no meio acadêmico, os ambientes estressores, de intensa competitividade e metas a que são expostos pesquisadores, docentes e discentes podem impactar negativamente, gerando, em diversas ocasiões, a necessidade do suporte e o acolhimento".
Dessa forma, as campanhas são fundamentais para auxiliar nas orientações e na prevenção do suicídio. "As campanhas nos ambientes de labor e a percepção da importância da Saúde Mental no ambiente de trabalho permitem sentimento de bem-estar e acolhimento, reconhecendo um aspecto subjetivo e importante da vida da pessoa, enquanto indivíduo e trabalhador. E essa conscientização tem um importante impacto também no meio acadêmico, sendo a comunidade acadêmica importante disseminador de informações, assim como no reconhecimento dessa população sobre a necessidade do autoconhecimento e da compreensão da própria Saúde Mental".
"É importante reforçar também que para a população geral e no meio acadêmico, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), nós temos a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), de acesso aberto, para toda população ser atendida integralmente em suas necessidades relacionadas à Saúde Mental", finaliza o médico.