Médicos-veterinários da Uniube passam 10 dias no Sul em missão humanitária | Acontece na Uniube

Médicos-veterinários da Uniube passam 10 dias no Sul em missão humanitária

18 de julho de 24
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Alice Cristina, Ananda Neves e Cláudio Yudi passaram 10 dias atuando na cidade de Canoas, uma das mais afetadas pelas enchentes no Sul


A Uniube, por meio da Universidade do Agro, participou de uma missão de bem-estar animal em abrigos no Rio Grande do Sul. Os médicos-veterinários do Hospital Veterinário da Uniube (HVU) passaram 10 dias na cidade de Canoas, uma das mais afetadas pelas enchentes no final de abril e início de maio de 2024. Alice Cristina, Ananda Neves e Cláudio Yudi integraram a equipe 4, que atuou entre os dias 6 e 15 de julho, prestando assistência em abrigos temporários para cães e gatos afetados pelas inundações na região.


"O olhar e o semblante das pessoas nos mostravam nitidamente quem perdeu tudo, é realmente diferente. A cidade está bem dividida entre aqueles que perderam suas casas, praticamente tudo, e aqueles que seguem com a vida normal. Víamos um contraste muito grande; ao atravessar uma rua, tudo mudava, um desastre muito grave. São sensações diferentes, era como entrar em outro mundo, perdemos a noção de tempo e espaço por causa do clima, do tempo e das pessoas.  Realmente foi uma viagem, não sei se ao passado ou ao futuro, pois é muito diferente da nossa realidade, só estando lá para perceber tudo isso. O bairro que visitamos, Mathias Velho, foi destruído, com uma população de 50 mil pessoas. A sensação é de que o desastre ainda está acontecendo, pois, cães continuam chegando e as equipes precisam adaptar e realocar a estrutura inicial, ampliando para receber mais animais de outros abrigos, que aos poucos estão sendo desativados. Tenho a sensação de que poderia ter feito mais, mas o tempo passa rápido. Uma semana parece pouco, mas é muito ao mesmo tempo, pois é cansativo, física e mentalmente. São muitos desafios que queremos melhorar, mas isso cansa a mente. Este episódio foi considerado o maior acidente natural com animais no Brasil e não há experiência igual. É um trabalho extenuante e cansativo, mas gratificante pelas pequenas vitórias de cada dia. Como docente, poderei passar essa experiência aos alunos, pois, com tantas mudanças climáticas, infelizmente, poderemos viver algo dessa magnitude no futuro", avalia o Médico-Veterinário e Responsável Técnico do HVU, Cláudio Yudi.


Para Ananda, passar 10 dias em Canoas foi uma experiência completamente diferente de tudo. "Imaginava que seria difícil, mas não esperava que as coisas ainda estivessem como estão, parecia que o desastre aconteceu ontem, não há meses. Conversando com as pessoas, percebemos que houve evolução e melhorias, mas é impactante ver a situação atual. O que mais mexeu comigo foi a mudança na vida das pessoas. Em questão de segundos, tudo que construíram em uma vida inteira foi por água abaixo. Casas, carros, roupas, de repente tudo foi destruído. As pessoas não perderam apenas bens materiais, mas também itens sentimentais. Não restaram fotos de família, casamento, formatura. Em relação aos animais, muitos não reencontrarão suas famílias ou não serão adotados. Mas o mais impactante, o que me fez chorar, foram os reencontros: pessoas que perderam tudo, usando roupas doadas, ainda procuravam seus animais! É maravilhoso ver a felicidade do bichinho e da pessoa, mas ao mesmo tempo triste, pois muitos outros animais não sabemos se encontrarão uma família. Os tratadores são pessoas humildes, alguns estão morando nos abrigos, e mesmo assim estão lá, voluntários ou recebendo um salário mínimo, e depois de um dia inteiro de trabalho, não tinham suas casas para voltar. Isso nos mostrou o quanto o ser humano se adapta. O tempo passa diferente lá, embora a sexta-feira tenha chegado rápido, parecia que estávamos lá há meses. É inexplicável. Parece que fizemos pouco, mas hoje, analisando o período que passamos em Canoas, vejo que nossa participação foi essencial. Foram pequenos passos e grandes vitórias. Conseguimos vacinar, vermifugar, administrar antiparasitários, o que é uma vitória. Muitos animais estavam com sarna e agora estão bem", comenta a Preceptora em Anestesiologia, Ananda Neves Teodoro.


"Quando recebemos a proposta, não imaginávamos o que nos aguardava. Aceitamos, e ao chegar, vimos uma estrutura provisória, simples e construída logo após o desastre. As tendas eram divididas, algumas mais apertadas e com menos estrutura, outras maiores, proporcionando um pouco mais de conforto para os animais. Durante esses 10 dias, eu e a Ananda nos dedicamos ao máximo para dar conforto aos animais da nossa tenda. Era uma alegria quando nos viam, pois levávamos petiscos e muitos cobertores, para ficarem aquecidos e com uma cama fofinha. Mantínhamos a água sempre limpa, comida à vontade, e dávamos muito carinho. Alguns animais eram mais arredios, mas observávamos qualquer alteração para relatar ao veterinário responsável. Na cidade, a destruição era visível em uma parte, enquanto a outra estava intacta. As montanhas de entulho em frente às casas mostravam a perda material, mas a tristeza maior vinha das histórias por trás de cada objeto. No abrigo, os animais têm necessidades básicas supridas, mas nada se compara a um lar. Sentimos que ainda há muito a ser feito, e fica a sensação de dever não cumprido. Ainda há muito trabalho a ser feito, mas demos o nosso melhor. A experiência me deixou um sentimento de gratidão, e de valorizar as pequenas coisas. Meu Deus o Sol! Ver o sol era uma alegria, pois o frio era intenso. Sinto muita gratidão por ter um lar que não foi destruído por uma enchente e por ter minha família e animais seguros", finaliza a Aprimoranda de Cirurgia de Pequenos Animais, Alice Cristina Maciel Silva.


A iniciativa é parte de um esforço conjunto das Universidades Federais de Minas Gerais e Paraná, do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e da Uniube, com o apoio do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo e do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.


No Instagram do Hospital Veterinário da Uniube (HVU), postamos a rotina dos médicos-veterinários durante a missão em Canoas. Clique aqui e confira.


Carolina Oliveira | Universidade do Agro