HVU recebe jacaré-do-papo-amarelo resgatado pelo Corpo de Bombeiros de Uberaba
O Hospital Veterinário da Uniube (HVU) recebeu, na última terça-feira, 12, um paciente incomum: um jovem macho de jacaré-do-papo-amarelo, resgatado por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Uberaba. O réptil foi encontrado próximo a uma usina de cana-de-açúcar, em uma lagoa de dejetos. Apelidado pela equipe de "Croc", o jacaré foi encaminhado ao Setor de Animais Silvestres, onde passou por uma avaliação clínica detalhada realizada por médicos-veterinários e alunos do curso de Medicina Veterinária.
"Durante o exame, foram realizadas coletas de sangue e fezes para análises, e estão programados exames de imagem e avaliações comportamentais diárias. Essas medidas são fundamentais para assegurar a saúde do réptil, considerando o ambiente contaminado de onde foi resgatado", comenta o responsável pelo Setor de Animais Silvestres do HVU, professor Cláudio Yudi.
O jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) é uma espécie característica da América do Sul, distribuída por ecossistemas aquáticos em países como Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. "Com focinho curto e largo, a espécie se distingue pela capacidade de adaptar-se a uma ampla gama de habitats, incluindo áreas urbanizadas, apesar das ameaças representadas pela expansão das cidades. Predominantemente carnívoro, o jacaré-do-papo-amarelo desempenha um papel importante nos ecossistemas aquáticos, contribuindo para o controle de populações de moluscos e outros animais, mitigando assim a disseminação de doenças", explica o profesor.
O réptil é encontrado também no bioma Cerrado, sendo capaz de sobreviver em ambientes com vegetação aquática e em lagoas sazonais. "Esta espécie, que pode atingir até 3,5 metros de comprimento, apresenta um ciclo de vida que inclui a postura de ovos em ninhos construídos em solo úmido e a cuidadosa guarda dos filhotes pelos pais. No Brasil, encontram-se catalogadas seis espécies de jacarés. Destacam-se o jacaré-açu, o maior representante da fauna amazônica, e o jacaré-de-papo-amarelo, com ampla ocorrência nas regiões sudeste e sul do território nacional. Além destes, o jacaré-tinga, o jacaré-anão, o jacaré-coroa e o jacaré-do-pantanal complementam a lista, cada um adaptado a condições ambientais específicas, desempenhando papéis vitais na manutenção do equilíbrio ecológico", avalia.
Após a conclusão de sua reabilitação e a obtenção de resultados adequados nos exames, o jacaré "Croc" será devolvido à natureza. "A liberação está planejada para ocorrer em uma área de preservação ambiental próxima a Uberaba, pela Polícia de Meio Ambiente de Uberaba. Este procedimento está alinhado com os esforços de conservação e reforça o compromisso das instituições envolvidas com a proteção da biodiversidade local e a reintegração de animais silvestres ao seu hábitat natural, contribuindo assim para a manutenção dos ecossistemas e da saúde ambiental", finaliza Cláudio Yudi.
Carolina Oliveira | Universidade do Agro