Ex-aluno da Uniube é responsável por projeto arquitetônico de 20 hortas sensoriais acessíveis em Uberaba
Programa Alimentação foi divulgado na revista Forbes Brasil, e a inauguração em Uberaba contou com representantes internacionais da Mosaic
Carolina Oliveira
Ex-aluno do curso de Arquitetura da Uniube, Bruno Morales da Silva Bernardes, é responsável pelo projeto arquitetônico das 20 hortas sensoriais acessíveis que serão implantadas em Uberaba até 2023, que fazem parte do programa Alimentação, desenvolvido através de uma parceria entre a Mosaic e o Instituto Movere por uma equipe multidisciplinar. O projeto foi publicado na revista Forbes Brasil, e o primeiro local da cidade a receber o programa foi a Escola Municipal Arthur de Mello Teixeira, com uma horta sensorial acessível, sustentável e inclusiva.
O projeto promove a inclusão de crianças com algum tipo de deficiência e estimula o conhecimento sobre a alimentação saudável. "Com um viés multidisciplinar, o programa reúne uma equipe com profissionais da Nutrição, Engenharia Ambiental e Arquitetura, com o objetivo de fazer um processo pedagógico de alimentação em algumas escolas municipais do Brasil. Ele já é desenvolvido em algumas cidades, mas a primeira horta acessível e inclusiva do Brasil foi implementada em Uberaba, na Escola Municipal Arthur de Mello Teixeira. Qualquer um pode ter a possibilidade de usar essa horta, ela tem os canteiros acessíveis, que são preparados para receber cadeiras de rodas, e tem diferentes alturas para que pessoas de diferentes idades com diferentes tipos de capacidade motora possam utilizar. A equipe também desenvolveu placas em braile e o mapa tátil", explica Bruno Morales.
E o projeto saiu na Forbes Brasil. "Este projeto ter aparecido na Forbes é incrível, surreal. O fato de uma escola de Uberaba ter um projeto referenciado na Forbes é importante não só para quem o desenvolveu, mas para a cidade como um todo, porque a Arthur de Melo era uma escola conhecida como "a escola perto do presídio", que é a única instituição que eles têm próximo. Colocar um projeto nessa escola, que vai se tornar referência no Brasil todo, aparecer em uma revista que é referência no mundo, é algo muito surreal", comemora.
Para Bruno, o projeto impacta positivamente na vida da comunidade envolvida, e vai de encontro aos seus princípios. "Para mim, participar desse projeto foi algo realizador, porque ele acaba alinhando alguns ideais de vida que eu tenho. Venho de escola pública, então participar de um projeto que vai mudar a vida dessas crianças, em situação periférica, foi algo incrível. Esse programa que a Mosaic realiza acaba selecionando de maneira muito inteligente as escolas para que realmente cause um impacto positivo, um impacto importante na vida dessas crianças e até dos professores que têm a horta como uma ferramenta pedagógica", compartilha o arquiteto.
Segundo a diretora da Escola Municipal Arthur de Mello Teixeira, Najara Aparecida de Oliveira, as obras começaram nas férias de julho, e quando os alunos retornaram do recesso, a obra já estava adiantada e puderam acompanhar o processo de finalização. "A novidade gerou muitas perguntas e aguçou a curiosidade dos alunos. As professoras do Tempo Integral foram as primeiras a passar por formações com a equipe da Mosaic por já terem oficinas de sustentabilidade com seus alunos do 1° e 2° ano do fundamental. Logo em seguida, toda a equipe escolar passou por formação para apresentação do projeto, e essas formações acontecerão até dezembro deste ano. O objetivo dessas formações é dar subsídio para os professores poderem elaborar aulas utilizando a horta como mais uma ferramenta pedagógica. Os alunos estão empolgados com tantas melhorias que a horta trouxe para a estrutura física da escola, isso impactou positivamente na autoestima deles. Enquanto gestora, minha prioridade é cuidar do espaço físico, buscar parcerias de apoio pedagógico, com o objetivo de tornar a Escola um ambiente agradável e querido por todos. Quero muito que os nossos alunos gostem de estar na escola, sintam-se pertencentes a este espaço e que o corpo docente sinta prazer em trabalhar aqui. Ser a primeira escola a receber a horta é uma honra, eleva a autoestima da comunidade. A horta não inclui somente alunos deficientes, a horta inclui nossa comunidade, tão carente de boas ações, na sociedade", enaltece a diretora.
A engenheira ambiental, Aline Claro de Oliveira, coordenadora da pós-graduação em Georreferenciamento de Imóveis e Engenharia de Segurança do Trabalho da Uniube também faz parte da equipe multidisciplinar do projeto como parceira técnica. "A minha participação no projeto é quanto à escolha das mudas e como foram plantadas. Adotei como critério os canteiros biodiversos, utilizando princípios da permacultura, da agroecologia, e foi feito um consórcio de plantas em cada canteiro onde as plantas se ajudam. Além disso, dou todo o suporte inclusive na parte de elaboração de material formativo para os professores e para os alunos, e também na realização de oficinas presenciais para orientar a como cuidar da horta, tanto para os alunos quanto os professores e funcionários. É muito gratificante poder participar de um projeto que eu acredito ser de fundamental importância, principalmente para resgatarmos a nossa relação homem e natureza, e também poder promover a produção de alimentos de forma sustentável e orgânica", destaca Aline.
Para o arquiteto, a formação na Uniube abriu portas para a participação em um projeto de grande visibilidade. "Tenho um ano de formação, e ser responsável por uma frente de arquitetura de um projeto tão importante, tão significativo, é algo que não passava pela minha cabeça. A Mosaic confiou em mim um projeto muito importante, eu fiquei muito feliz pelo resultado que entregamos, afinal, no dia da inauguração vieram representantes da Mosaic do mundo todo, e todos eles ficaram muito satisfeitos com esse projeto. A escola também ficou muito satisfeita, é um cenário que, no todo, foi muito importante para o meu desenvolvimento pessoal. Todo o projeto, do início ao fim, é extremamente importante para a minha carreira, e não tiraria uma vírgula. E é claro que a minha formação contribuiu para que eu chegasse nesse ponto, não sei se em alguma outra formação eu conseguiria estar capacitado o suficiente para executar isso, e o resultado final fala por si. Foi um processo muito importante", exalta Morales.