De aluno a professor e de bolsista a coordenador: João Crisóstomo dos Santos Neto conta como teve a vida transformada pela Uniube
Natural de João Pinheiro (MG), o docente e gestor compartilha os desafios e as conquistas que surgiram pelo caminho ao sair de casa para estudar na Universidade
A vontade de cursar alguma engenharia sempre foi latente, mas a certeza veio quando João Crisóstomo dos Santos Neto, 33, folheava um exemplar físico do Guia do Estudante. Ao se deparar com as páginas que abordavam a Engenharia de Produção, profissão ainda pouco conhecida à época, começava, nesse momento, uma série de mudanças na vida do jovem.
A primeira grande modificação foi a saída de casa, em 2009, para viver sozinho a quase 400 km de distância da família e estudar na Uniube. João deixou para trás a mãe, o irmão, a irmã e todas as memórias que marcaram os primeiros 18 anos de vida em João Pinheiro (MG). Uma dessas lembranças é a perda do pai, que aconteceu ainda na infância, aos sete anos.
Embora uma mudança como essa assuste em um primeiro momento, a família lidou bem com a partida do jovem. "Minha mãe sempre foi uma grande incentivadora dos estudos e não media esforços. Conheci Uberaba e a Uniube por meio da minha irmã, que antes de mim, veio para cá para estudar Biomedicina", relembra.
Na Uniube, ao finalizar o primeiro período do curso que escolheu, o desejo de conseguir alguns trocados com a própria força de trabalho e se tornar mais independente, fez João conversar com a assistente pedagógica da Engenharia de Produção. A ideia era trabalhar como bolsista na Universidade, projeto equivalente aos programas de aprendizagem da atualidade.
Currículo enviado, primeiro emprego conquistado. Assim, a partir de agosto de 2009 o futuro engenheiro de produção passou a se dividir entre as atividades do curso e o trabalho como bolsista. A rotina profissional acontecia no então Instituto de Formação de Educadores (IFE). Lá dava suporte para a coordenação, atendia ligações, alunos e entregava documentos em outros setores. Mas foi por pouco tempo.
Em maio do ano seguinte veio um convite para ser secretário do curso de Direito da Uniube. Era o primeiro contrato dentro das normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que João assinava. No entanto, na metade de 2011 veio outra virada. Dessa vez, a oportunidade era para trabalhar nos cursos da modalidade de Ensino a Distância.
"Fiquei um tempo atendendo os cursos de Administração, Ciências Contábeis, Letras e Serviço Social. Detalhe: nesse período passei num concurso da Prefeitura de Uberaba, mas não quis sair da Uniube. Aqui, tinha facilidade em conciliar o trabalho com os estudos e também, sempre que possível, conseguir visitar minha família", conta.
Logo no primeiro semestre de 2012, João conta que se transferiu para trabalhar nos cursos de Engenharia também na modalidade EAD. Apesar das várias mudanças profissionais, os estudos não ficavam em segundo plano. Tanto que nunca houve uma reprovação em alguma disciplina cursada ao longo de cada período letivo da Engenharia de Produção.
Primeira graduação concluída no final de 2013, veio a tão aguardada colação de grau no início de 2014. A essa altura do campeonato, o jovem que começou como bolsista já havia ocupado os postos de secretário de curso e assistente administrativo, porém, um novo cargo surgiria em breve, o de preceptor das Engenharias EAD.
Nesse meio tempo, após o final da primeira graduação, João voltou para a sala de aula ao ingressar no curso de Engenharia Civil. Foram cinco anos como estudante e preceptor até ser surpreendido com mais duas viradas em 2019. A primeira delas foi a dolorosa perda da mãe. Já a segunda foi um convite para assumir a Coordenação Geral da Pós-Graduação EAD da Uniube.
"E no ano passado também passei a ter um contrato de docente, nos cursos de Engenharias e Gestão EAD", conta o pinheirense de nascença e uberabense de coração que, além de professor, tem atualmente a rotina dividida entre os cargos de coordenador geral da Pós-Graduação EAD e gestor dos cursos de Graduação EAD de Engenharia de Produção, Logística, Gestão da Qualidade e Gestão da Produção Industrial.
Olhando para aquele jovem do passado que saiu de casa sozinho, com uma mochila cheia de sonhos e muitas folhas em branco para escrever novos capítulos de uma história de superação, João diz que o sentimento é um só, o de orgulho. E deixa um direcionamento para quem deseja sair de casa para estudar, caminhar com as próprias pernas e trabalhar por um futuro melhor.
"Dê sempre o seu melhor, não importa qual seja a tarefa. Mantenha a mente aberta para aprender, seja humilde para ouvir e se aperfeiçoe continuamente. Assim, quando as oportunidades surgirem, você estará preparado para aproveitá-las", conclui.
Vander Souza