Uniube conquista patente de dispositivo que descaracteriza agulha de anestesia para crianças | Acontece na Uniube

Uniube conquista patente de dispositivo que descaracteriza agulha de anestesia para crianças

29 de julho de 20
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A Uniube, por meio do curso de Odontologia, graduação e pós-graduação e do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), recebeu a concessão da patente do “jacarezinho”, um revestimento em polímero, feito para crianças, com o objetivo de descaracterizar a forma de injeção da seringa anestésica e impedir a visualização da agulha. A certificação, recebida após 11 anos, reforça o papel da Universidade na geração de inovações tecnológicas.


A ideia do projeto surgiu entre uma conversa da coordenadora do curso de especialização em Odontopediatria da Uniube, Maria Angélica Hueb, com o irmão, também cirurgião-dentista e professor na Universidade, Fernando Hueb. “Eu sempre comentava sobre a dificuldade de esconder a agulha da criança na hora da anestesia, pois o fato de a criança visualizar a agulha a remete a medos e anseios experimentados anteriormente ou impostos pelos pais ou outros profissionais. Assim, idealizamos juntos um revestimento para seringa anestésica em forma de jacaré, criamos um desenho, e ali vislumbramos a solução para o maior problema da Odontopediatria: um dispositivo inovador, que esconderia o objeto de pavor das crianças, a agulha”, conta a coordenadora.


Para o cirurgião-dentista Fernando, o projeto foi um estalo de criatividade. “Muitas invenções parecem simples e proporcionam aquela sensação: como não pensaram nisso antes? Sempre observei a dificuldade das odontopediatras em esconder a agulha das crianças. Usavam algodão na ponta da seringa, e, muitas vezes, o algodão se desprendia e assustava os pequenos. Daí veio o questionamento: será que não podemos criar algo mais seguro e eficiente? Aí está, transformamos um momento de pânico em uma ação lúdica e divertida”, diz Hueb.


O desenho do projeto foi levado ao então consultor técnico da Uniube, Carlos Bonfim, e, após estudos, foi desenvolvido o primeiro protótipo do “jacarezinho”. “Obtivemos o apoio da Uniube para darmos continuidade no projeto, e, por meio do NIT, foi celebrado o contrato de parceria em pesquisa e desenvolvimento do projeto com a Universidade, confecção do protótipo, depósitos de pedidos nacional e internacional de carta-patente e a transferência da tecnologia para a empresa Angelus Indústria de Produtos Odontológicos, vencedora nacional do Prêmio Finep de Inovação, que desenvolve, desde 1994, um intenso trabalho em pesquisa e desenvolvimento de produtos revolucionários para a Odontologia”, continua Maria Angélica.


Nos estudos feitos com a aplicação do “jacarezinho”, os profissionais de Odontologia observaram a frequência cardíaca e o cortisol da criança anestesiada com e sem o dispositivo. “A alta ansiedade provoca um comportamento negativo na criança, eleva a FC e os níveis de cortisol; os níveis de cortisol salivar foram reduzidos com a utilização do jacarezinho; a frequência cardíaca (FC) diminuiu quando foi empregado o jacarezinho, corroborando a redução do stress na criança. É claro que a anestesia sem dor depende da destreza e da técnica do profissional. Percebemos que o jacarezinho é um artefato lúdico, que vai ajudar o profissional a descaracterizar a forma de anestesia da seringa. Esse trabalho foi premiado no Seminário de Iniciação Científica e demonstrou a efetividade do jacarezinho”, complementa.


Após a conquista, novos projetos já são vislumbrados. “A transferência de tecnologia celebrada com a empresa Angelus foi feita somente quanto à parte de anestesia odontológica e, no momento, estamos confeccionando o protótipo quanto à parte de vacinação para oferta de licenciamento.  O revestimento para vacinação será diferenciado para cada tipo de vacina, com um bichinho característico, tipo uma mascote, que será associado a cada tipo de vacina. Com isso, esperamos estimular e conscientizar as crianças sobre a importância da vacinação. Estamos buscando parceiros interessados também na transferência de tecnologia”.


Com a concessão da patente, a Universidade obtém exclusividade de uso que assegura o retorno dos recursos investidos e o incentivo ao desenvolvimento de novas pesquisas. “É a realização de um sonho. Agradecemos muito ao Reitor, Marcelo Palmério, grande incentivador da inovação, e que sempre nos apoiou. Fernando e eu temos vários projetos na área odontológica, e estamos caminhando para colocá-los em prática. E como temos total apoio da Universidade de Uberaba, fica mais fácil a concretização de projetos que podem modificar o atendimento da criança. É mais gratificante, quando você encontra ex-alunos em congressos que dão notícia de um projeto nascido e desenvolvido dentro da Universidade, e que está sendo comercializado nos Estados Unidos, França, Suíça, Portugal etc.”, compartilha a coordenadora.


O NIT-Uniube


O NIT estabelece diretrizes e políticas institucionais de proteção de bens e de propriedade intelectual, transferência de tecnologia e forma de participação nos resultados da exploração das criações decorrentes de parceria. A finalidade é organizar e gerir processos que orientam a geração de inovação no ambiente produtivo, em consonância com as prioridades da política nacional de ciência, tecnologia e inovação; política industrial e tecnológica nacional. “O Núcleo auxilia tecnicamente a Uniube na avaliação dos investimentos relacionados a bens da propriedade intelectual resultantes de sua exclusiva atividade de pesquisa ou fruto de parcerias firmadas com docentes, inventores autônomos e entidades públicas ou privadas, cuidando dos instrumentos necessários à proteção de citados bens, das garantias dos direitos intelectuais das partes envolvidas e das relações contratuais de transferência de tecnologia”, esclarece a assessora jurídica do NIT-Uniube, Renata Silveira Tavares.


Os pareceres da assessoria jurídica e técnica, especializada na área de conhecimento pertinente aos contratos de parceria em pesquisa e desenvolvimento de projetos são encaminhados à Reitoria e à Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão. “Antes, são realizadas pesquisas quanto ao estado da técnica especialmente junto ao banco de dados do INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial e em bases gratuitas nacionais e internacionais e constatado atendimento relativo aos requisitos legais de patenteabilidade de cada projeto. Esse fluxo tem o intuito de viabilizar análise institucional quanto à conveniência e oportunidade de investimento do contrato de parceria em pesquisa e desenvolvimento, bem como realização das respectivas proteções, prototipagens, demonstrações a terceiros, cooperações técnicas e transferências das tecnologias”, conclui a advogada.