Setembro Azul: Aluno de Odontologia transforma desafios da deficiência auditiva em superação

Nos corredores e laboratórios do curso de Odontologia da Uniube, um aluno se destaca não apenas pela paixão pela profissão, mas também pela jornada de superação. Deficiente auditivo de grau severo e profundo, Diogo Pereira Férez de Paula, não deixa as dificuldades serem maiores que o sonho de se tornar dentista.

Ainda na infância, o estudante foi diagnosticado com surdez e aprendeu a usar a leitura labial para se comunicar. "Com um ano de idade, houve um jogo em que soltaram foguetes perto do apartamento onde eu estava, e eu não tive nenhuma reação. Meus pais perceberam e começaram a fazer testes comigo, até que, em um exame médico, foi confirmada a minha deficiência. Quatro anos depois, coloquei o implante coclear", explica.

Filho de uma dentista, Diogo sempre quis seguir os passos da mãe e iniciou o curso durante a pandemia. Além dos desafios da surdez, as medidas de proteção, como o uso de máscaras, tornaram a nova etapa mais desafiadora. "Como os professores usavam máscara, a comunicação era difícil. Com o tempo, desenvolvi uma ótima relação com todos. Os docentes, com muita empatia, deixavam eu gravar as aulas para ouvir em casa e os alunos separavam um lugar na frente para que eu pudesse entender melhor".

Diogo se adaptou e se tornou exemplo para os colegas. Ele participa de todas as aulas e atividades práticas, e mostra que a deficiência não é desculpa para conquistar aquilo que deseja. "Nunca repeti um período. Nunca usei a deficiência como desculpa. É uma pedra no caminho, mas com força de vontade, dedicação e determinação, você consegue superar. Tenho minhas dificuldades, mas isso é normal, todo mundo tem", pontua.

O coordenador do curso, Luís Henrique Borges, ressalta a importância de criar um ambiente acessível para todos os alunos. "A Universidade precisa pensar em um modelo de ensino que se adapte à diversidade de cada aluno, com o objetivo de oferecer a todos o desenvolvimento integral e inserção ativa na sociedade. O curso de Odontologia, por meio da estrutura pedagógica, está preparado para receber aqueles que precisam", evidencia o docente. 

Dia Nacional do Surdo

O Dia do Surdo, 26 de setembro, foi oficializado no Brasil em 2008, por ser a data da fundação da primeira escola de surdos no país: o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, mais de 12 mil pessoas são portadoras da deficiência auditiva em Uberaba. 

Nesse contexto, o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva (SASA), se destaca por realizar via SUS, a avaliação, diagnóstico, adaptação de aparelhos auditivos, reabilitação auditiva dos pacientes de todas as idades. Fundado em 2010, atualmente o serviço abrange a Macrorregião do Triângulo Sul e atende cerca de 400 pessoas por mês.

A coordenadora do serviço, Mariana Marquez, ressalta o diferencial do SASA para a comunidade surda. "Aqui o paciente tem o cuidado multidisciplinar horizontal, com o apoio do médico, assistente social, psicólogo e fonoaudiólogo. Também oferecemos o sistema FM, utilizado nas salas de aula, para transmitir a fala do professor direto para o aparelho auditivo do aluno. Isso promove a acessibilidade e faz com que o estudante não perca o conteúdo ministrado", conclui. 

Pâmela Rita