Semana da Biblioteca: auxiliar administrativa transmite o amor pelos livros aos filhos
De todas as histórias que a biblioteca do campus aeroporto da Universidade de Uberaba guarda, uma não está nas prateleiras de livros. Um enredo sem vilões e super-heróis, mas de muitas dificuldades e obstáculos. Esse é o conto da vida real da auxiliar administrativa Ana Paula Silva da Cruz, de 33 anos, colaboradora da Uniube. Na Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, ela conta um pouco da paixão pela literatura e como esse sentimento é repassado para os filhos. Uma história que não está registrada em nenhuma página de livro, mas que merece ser narrada.
Ana Paula é mãe de três filhos: Luís Otávio, de 9 anos; Ana Luiza, de 5 anos; e Luiz Miguel, de 1 ano. Preocupada com o futuro e com a educação deles, ela tenta, todos os dias, transmitir um pouco do amor pelos livros para os três. “Ser mãe sozinha não é fácil. Eu tento mostrar para eles o valor da vida. Uma vez eu vi uma frase que fala que os livros são os maiores e melhores amigos e professores que nós temos. Os mais confiáveis”, diz Ana Paula, que também é estudante de Pedagogia.
O primeiro contato que teve com a literatura foi por meio do livro que ela recebeu como presente de uma madrinha: “Mais respeito, eu sou criança!”, de Pedro Bandeira e Odilon Moraes. No início, Ana Paula não tinha tanto interesse na história, mas, hoje, percebe a importância que ela tem. “Eles [autores] mostram no livro o que a criança faz e o adulto tem que respeitar: um momento de brincadeira, de ele imaginar o mundo dele, um momento de ele ter as próprias conclusões sobre as coisas e sobre ser respeitado”, conta.
Ana Paula trabalha há cinco anos na biblioteca da Uniube. Mesmo acostumada com a reação de cada um dos frequentadores do espaço ao ler um livro, ela se emociona ao ver os filhos adaptados a esse ambiente “Antes de trabalhar na biblioteca eu já tinha o meu primeiro filho, Luís Otávio, e a Ana Luiza, mas até mesmo antes de incorporar a maternidade, eu já pensava em como passar a leitura para as crianças. Hoje, fazendo Pedagogia, eu vejo que, realmente, a minha paixão sempre esteve nos livros e eu quero passar isso para eles. Vê-los aqui na biblioteca é uma sensação de que eu estou no caminho certo”, afirma.
Mesmo com todas as histórias que lê diariamente para os três filhos, a leitura não chama tanto a atenção de Luiz Otávio. A solução que ela encontrou foi unir os gostos do filho com os livros. “Têm algumas atividades e disciplinas na escola com as quais ele não se identifica muito. Ele gosta mais das exatas do que de português, por exemplo. E o que eu tenho que fazer? Às vezes, buscar um livro, como o ‘Amarelinha’, que é voltado para os números e faz ele se interessar mais. Ele gosta de dinossauro, então procuro algo que mostre quantos anos o dinossauro tem e qual a sua altura, o seu peso. É o que eu tenho para chamá-lo mais para o interesse pela leitura”, conta.
Já Ana Luiza é um capítulo à parte. Ela adora ouvir histórias antes de dormir. Segundo a mãe, o que mais chama a atenção da pequena são as figuras nos livros. “O que tem nessa capa? ”, pergunta Ana Paula à filha durante a entrevista. “Tem a Emília, a borboleta, o pássaro, o balanço na árvore e o Visconde”, responde Ana Luiza com o olhar fixo e curioso na obra de Monteiro Lobato.
De leitora à autora
A paixão pelos livros inspirou a auxiliar administrativa a escrever a própria obra. As primeiras páginas começam a ser redigidas. “Surgiu de forma bem natural, não é relatando a minha vida, mas é relatando os desafios que eu enfrento como mãe. Como mãe solteira. Então, é voltado para todas as mães que queiram saber como é encarar esse desafio do preconceito que enfrentamos no dia a dia. Porque, realmente, eu enfrento muita coisa. São muitos desafios e eu tenho de ter domínio e autoestima. Estou ainda esboçando as ideias, mas o meu intuito é lançar esse livro e conquistar vários leitores”, conclui.