Mãe inicia curso de Psicologia para ajudar filha diagnosticada com autismo
O amor de uma mãe supera tudo. Essa é a frase que define a trajetória da Juliene Novaes, aluna da Psicologia que, após o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) da filha, decidiu iniciar a segunda graduação para ajudar a pequena Elisa, de 3 anos.
Formada em Administração pela instituição, Juliene teve a iniciativa de tornar o sonho antigo de ser psicóloga em realidade e, dessa vez, com um propósito ainda mais especial: orientar outras mães a acolherem as individualidades dos filhos autistas. "Sou formada em Administração, porque, na época, era o que eu tinha condições de cursar, então engavetei o meu sonho. Depois do diagnóstico da Elisa, eu me vi muito aflita e ansiosa. O fato de nos dedicarmos integralmente à família faz com que nós, mães atípicas, percamos nossa identidade. Por isso, quis voltar a estudar para ajudar as mãezinhas, que assim como eu, perderam o apoio, o entusiasmo e se viram sem chão", comenta.
A estudante percebeu os primeiros sinais do transtorno na filha aos um ano e seis de meses de idade, quando ela ainda não se comunicava, dormia mal e evitava pessoas e locais. A partir do diagnóstico, Juliene mudou a perspectiva de vida. "Eu mudei totalmente minha forma de viver e entendi meu propósito. Por meio da Elisa, eu consigo agradecer a cada pequeno detalhe, coisas simples e banais que antes passavam despercebidas. Hoje qualquer aprendizado novo, olhar, gesto, coisas simples são motivos de alegria e gratidão", destaca.
No 4° período do curso, a mãe afirma que a rotina é pesada, mas que o desejo de se formar é maior que qualquer obstáculo. "Começar a estudar Psicologia, a princípio, não foi uma decisão fácil. Estávamos no final da pandemia, eu tive muito medo e incertezas; foi uma decisão desafiadora. Mas, mesmo com tantas dificuldades, decidi ir em busca de me realizar pessoal e profissionalmente".
"A Psicologia desperta o melhor de mim. O curso é magnífico, nos faz pensar de forma diferente, com mais amor, empatia e respeito pelo outro. Somos todos diferentes e subjetivos, e isso nos torna únicos e fascinantes. Eu acredito na minha capacidade de fazer a diferença. Quero ajudar pais atípicos a levar a vida com mais leveza, com base no conhecimento e experiência. Quero incentivar eles a não desistirem e a buscar a força interior dentro de cada", pontua a universitária.
Maternidade e Transtorno do Espectro Autista
Caracterizada por muitos como transformadora e desafiadora, a maternidade por si só já exige muito das mães. A maternidade com um filho autista ganha uma profundidade ainda maior, marcada pela busca constante de compreensão, paciência e amor.
Segundo estudo conduzido pela Genial Care em parceria com a Tismoo, 47% das mães se sentem culpadas por filhos que têm o Transtorno do Espectro Autista. Juliene conta que, apesar do susto com o diagnóstico da filha, ela nunca se recusou a procurar tratamento. "Graças a Deus, eu nunca neguei que tinha algo diferente. Passei por três neurologistas e um pediatra para ter certeza do laudo. Não aceitei com naturalidade porque, no início não foi fácil, mas me propus a buscar o máximo de ajuda e intervenção precoce possível. Atualmente, a Elisa se desenvolve bem, e tenho esperança de um futuro de total autonomia", afirma.
Com um novo olhar sobre o TEA e ensinamentos do curso, a aluna encontrou um novo sentido para a jornada pessoal e materna. "A minha pequena Elisa é um diamante que precisa ser lapidado com muito amor todos os dias. Eu me lembro que orei e pedi a Deus pra me mostrar meu caminho, e eu acordei com tanta certeza tão grande em meu coração que sei que naquele dia Deus falou comigo. De lá pra cá, eu não tenho mais dúvidas. Todas as incertezas por conta do autismo da minha filha, mudança de carreira, falta de tempo, tudo se foi. Eu entendi meu propósito e desejo que cada um de vocês siga os corações e veja que cada instante é valioso", finaliza.
Pâmela Rita