Linha de pipa com cerol: uma atividade ilegal que representa riscos para o homem e aves silvestres | Acontece na Uniube

Linha de pipa com cerol: uma atividade ilegal que representa riscos para o homem e aves silvestres

01 de julho de 22
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Carolina Oliveira


O Hospital Veterinário da Uniube (HVU) recebeu uma arara-canindé ferida por linha com cerol, o primeiro registro de ferimento por linha cortante em aves silvestres no hospital em 2022. Jéssica, como foi apelidada, chegou com um quadro emergencial, apresentando hemorragia ativa, e ainda envolvida pela linha. O corte seccionou a artéria ulnar superficial, e a ave precisou ser sedada e passar por um procedimento de emergência.


A arara perdeu cerca de 1/3 de sangue com o corte. "Para estancarmos essa hemorragia, foi necessária uma intervenção cirúrgica. O procedimento foi realizado por profissionais anestesistas e a cirurgia foi realizada por profissionais cirurgiões. Após isso, ao mesmo tempo, fomos fazendo o quadro estabilização geral do animal, porque como ela perdeu muito sangue, tínhamos que repor esse fluido, repor a pressão arterial dela, que com certeza ia baixar, devido a essa perda de volume", explica o aluno do 7° período e responsável pelo setor de animais silvestres do HVU, Henrique Imada.


O corte afetou uma artéria, e devido à grande perda de sangue, os riscos eram iminentes. "Através de um acesso venoso, conseguimos descer a fluidoterapia para restabelecer esses parâmetros, e ao mesmo tempo ela foi recebendo oxigênio. Esse era um grande medo, que ela apresentasse um quadro de hipoxemia, que seria a falta de oxigênio por falta de sangue circulando. Acompanhamos ela por seis horas após a cirurgia, até ela estar completamente recuperada. Desde então, ela vem sendo acompanhada diariamente, nos primeiros dias, tivemos que fazer alimentação assistida, porque ela não conseguia se alimentar bem sozinha. Ela apresentou uma melhora acima da nossa expectativa, mas ainda está com alguns ferimentos do corte da linha de cerol, a qual ainda estamos tratando", explica Henrique.


Após a recuperação, Jéssica será encaminhada ao Centro de Triagem, em Patos de Minas. "A linha de cerol acabou seccionando um tendão muito importante para realizar o movimento de voo, e após a recuperação e reabilitação, descobriremos se a Jéssica vai voltar a voar. Ela está sendo acompanhada e posteriormente ao tratamento a qual ela vem se recuperando muito bem, ela será destinada ao Centro de Triagem de Animais Silvestres, e irão decidir o futuro dela, em qual empresa competente ela vai passar a vida ou se ela possivelmente pode ser solta ou não", finaliza.


Alerta


O uso da linha de pipa com cerol é crime pela lei estadual de Minas Gerais 14349/2002. "Além de causar sérios danos físicos e mortes entre humanos, as aves silvestres que sobrevoam o ambiente urbano tem sido vítimas da prática ilegal. É preciso que os pais orientem os filhos para que não utilizem a linha cortante, por prejudicar a fauna silvestre. Algumas aves, animais resgatados e atendidos por médicos veterinários do HVU podem retornar à natureza, contudo, no caso de gravidade das lesões e mutilações graves, principalmente nas asas, o que impedem que essas aves sejam reabilitadas e devolvidas ao bioma cerrado. O HVU tem uma equipe preparada para receber aves silvestres com lesões provenientes de cortes com linhas, mas, se esclarecermos à população, será de grande importância, visto que o custo de tratamento é muito oneroso para o Estado", reforça o gerente clínico do HVU, Cláudio Yudi.