Janeiro Branco: mês de conscientização sobre a saúde mental e o comportamento dos animais de estimação | Acontece na Uniube

Janeiro Branco: mês de conscientização sobre a saúde mental e o comportamento dos animais de estimação

06 de janeiro de 25
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O Janeiro Branco Pet é uma campanha que busca alertar tutores e profissionais da área veterinária sobre a importância de cuidar do equilíbrio emocional e do bem-estar dos pets. O objetivo é prevenir problemas como ansiedade, depressão e estresse em animais domésticos, além de promover ações educativas sobre manejo correto, enriquecimento ambiental, práticas saudáveis de convivência e cuidados para garantir a qualidade de vida dos pets. A campanha visa conscientizar os tutores de que o bem-estar mental dos animais é tão importante quanto a saúde física, pois o comportamento e o equilíbrio emocional impactam diretamente no desenvolvimento e na felicidade dos pets. 


A médica-veterinária Thamires Arantes, especialista em clínica médica de pequenos animais e preceptora do setor de clínica médica do Hospital Veterinário da Uniube (HVU), comenta sobre a campanha e orienta os tutores sobre como cuidar da saúde mental e do comportamento dos animais de estimação. 


O que é o Janeiro Branco Pet e qual é o principal objetivo da campanha?


Thamires Arantes: Janeiro é um mês de reflexões e recomeços, por isso foi escolhido para dar visibilidade à saúde mental, inclusive na área veterinária. A campanha busca conscientizar tutores sobre a importância da saúde mental dos pets, os problemas que podem afetá-los e como reconhecer os sintomas. 


Por que a saúde mental dos animais de estimação é importante e como ela impacta o bem-estar dos pets? 


Thamires Arantes: Assim como nós, seres humanos, os cães e gatos também podem sofrer com episódios de estresse, depressão, ansiedade, transtornos obsessivo-compulsivos (TOC) e fobias. Essa é uma informação que a maioria dos tutores desconhece. Para manter uma rotina e mente saudáveis, é imprescindível não negligenciar as emoções e sentimentos dos pets e ter consciência das necessidades físicas e emocionais de cada um deles.


Como os tutores podem identificar sinais de problemas emocionais nos pets? 


Thamires Arantes: Os sinais clínicos são variados e podem incluir: Depressão: mudanças no apetite (alimentando-se menos ou deixando de se alimentar), apatia, menos energia para brincar e socializar, isolamento e até agressividade. Estresse e energia acumulada: automutilações, lambedura excessiva das patas, vocalizações inadequadas e coceiras exacerbadas. Ansiedade: na ansiedade patológica, ocorrem episódios de excitação e hiper-reatividade, tentativas de fuga com ou sem destruição do ambiente, irritabilidade, agressão e ansiedade por separação, caracterizada por vocalizações, raspar portas e paredes, destruição de móveis e objetos, vômito e diarreia. TOC: transtornos obsessivo-compulsivos, como comportamentos repetitivos com objetos, sombras ou com a própria cauda. 


Esses sinais podem ser mistos e variam conforme a espécie e o temperamento do animal. 


Quais são os principais fatores que podem causar estresse ou ansiedade nos animais? 


Thamires Arantes: Os principais fatores podem ser divididos em físicos e emocionais: Fatores físicos: falta de exercício físico diário e atividades com gasto de energia adequado. Privação de recursos básicos: acesso a alimento, água, local adequado para dormir, urinar e defecar. Fatores emocionais: perda do tutor, de um ente querido ou de outro animal de convivência; falta de tempo de qualidade com o tutor, principalmente para pets com alta necessidade de atenção; ansiedade por separação, comum em períodos de solidão superiores a 30 minutos. Já para felinos, fatores ambientais como reformas, mudança de móveis ou disputa territorial com outros gatos podem causar a ?síndrome de Pandora?, relacionada a problemas urinários. 


Que práticas os tutores podem adotar para melhorar a saúde mental dos seus pets? 


Thamires Arantes: Cuidados com cães: - Manter uma rotina de passeios e caminhadas de acordo com o porte e a energia do cão. Raças como Border Collie, Pitbulls e Labradores podem praticar esportes mais intensos, como o agility. Até cães pequenos, como Shih-tzu e Maltês, necessitam de exercícios diários. - Atividades com brinquedos interativos, com ou sem participação do tutor (exemplo: brincar com a bolinha ou brinquedos que escondem petiscos). - Promover interação social: incluir o pet em passeios e atividades familiares. Considere creches caninas, que proporcionam diversão, socialização e cuidado para pets que passam muito tempo sozinhos. Em Uberaba, já existem locais que oferecem esse tipo de serviço. - Utilize reforço positivo (recompensas como petiscos) para moldar comportamentos. - Evite punições físicas e gritos, pois isso pode gerar traumas e problemas de comportamento. Cuidados com gatos: - Ofereça enriquecimento ambiental: brinquedos que imitam presas (ratinhos e varinhas com penas), arranhadores, nichos para escalar e caixas para se esconder. Felinos gostam e precisam de momentos de isolamento. - Estimule sensorialmente com objetos de texturas diferentes e plantas como a catnip, que promove bem-estar através de substâncias liberadas pelo odor. - Garanta acesso às caixas de areia limpas seguindo a regra "número de gatos + 1" para evitar disputas territoriais (exemplo: para 2 gatos, o ideal são 3 caixas de areia e 3 fontes de água). - Evite introduções bruscas de novos elementos no ambiente. - Respeite o tempo e a individualidade dos felinos, promovendo interações de forma gentil.


Práticas comuns para ambas as espécies: 


- Manter uma rotina com horários regulares para alimentação e limpeza. 


- Proporcionar um ambiente seguro, livre de privações e estímulos estressantes. 


Qual o papel de um veterinário ou especialista em comportamento animal no tratamento de problemas emocionais nos pets?


Thamires Arantes: O principal papel do médico-veterinário é diferenciar se os sinais apresentados estão relacionados à saúde mental ou a doenças físicas. A consulta envolve anamnese, histórico clínico completo, exame físico e exames complementares. Como os pets não falam, é crucial conhecer a história do animal e excluir outras patologias antes de considerar um diagnóstico emocional. O veterinário poderá identificar os gatilhos emocionais, orientar mudanças necessárias e, se indicado, recomendar medicações terapêuticas de uso controlado, acompanhando o quadro de perto. 


Como exercícios físicos, brincadeiras e interação social contribuem para o bem-estar emocional dos animais? 


Thamires Arantes: Assim como nos humanos, essas atividades promovem a liberação de endorfina, o hormônio do bem-estar. Pets fisicamente e mentalmente estimulados tendem a ser mais tranquilos, saudáveis e felizes, apresentando menos comportamentos destrutivos e agressivos. Como campanhas como o Janeiro Branco Pet ajudam a conscientizar os tutores sobre a importância da saúde mental dos pets? Thamires Arantes: A campanha traz à luz o fato de que os animais possuem sentimentos e necessidades psíquicas, podendo adoecer mentalmente. Além disso, orienta sobre como criar um ambiente ideal para os pets e reconhecer sinais de problemas emocionais, incentivando a busca por ajuda veterinária quando necessário. 


Com iniciativas como o Janeiro Branco Pet, promovemos uma relação mais saudável entre tutores e animais, garantindo o bem-estar emocional de todos os envolvidos. 


Carolina Oliveira