IMM dá alta ao último paciente em situação de moradia
O Instituto conta atualmente com 50 pacientes internados e recebe uma média de 80 pessoas por semana no ambulatório de psiquiatria, que, nos últimos três meses, atendeu mais de mil pessoas
O Instituto Maria Modesto (IMM) concedeu alta ao último paciente em situação de moradia, após três anos de permanência no Instituto. Essa saída representa a concretização das mudanças no perfil institucional do IMM, rompendo com o estigma de hospital psiquiátrico que estava associado ao antigo Sanatório Espírita. Atualmente, o IMM adota um modelo de internações breves para estabilização e remissão de crises, encaminhando os pacientes para a rede de saúde e lares especializados, em conformidade com a Política Nacional de Saúde Mental.
O paciente chegou ao IMM há três anos, após sofrer um acidente que resultou em um grave trauma cranioencefálico. "Esse paciente veio para Uberaba em decorrência de um acidente. Ele era caminhoneiro, originário do sul do país, e foi hospitalizado na cidade devido ao traumatismo cranioencefálico grave. Durante sua internação, ele desenvolveu sintomas psiquiátricos e foi encaminhado ao IMM. Há três anos, ele recebeu alta, e durante esse período em que morou no Instituto, ele aguardava a oportunidade de voltar para casa. Realizamos buscas pela família, mas encontramos apenas informações que logo se tornaram indisponíveis, e mesmo com a busca em cartórios não conseguimos identificá-los. Assim, nos últimos três anos, ele estava residindo no hospital, mas já não estava internado. Trabalhamos em conjunto com a prefeitura para encontrar um lar adequado para esse paciente, uma vez que nosso objetivo é oferecer tratamento. Finalmente, conseguimos encaminhá-lo para uma residência especializada", relata Sérgio Marçal, gerente administrativo do IMM.
O Instituto passa por adequações e segue se alinhando com a Política Nacional de Saúde Mental. "Essa ação demonstra nossa importância para a saúde mental da população do Triângulo Mineiro, de Minas Gerais e do Brasil. A Política Nacional busca a desinstitucionalização, a construção da cidadania e a restauração da funcionalidade dos indivíduos com transtornos mentais, respeitando seus interesses e limitações. Nesse sentido, a desinstitucionalização do último morador do hospital psiquiátrico é um sinal de humanização de nossos serviços, de integração com a rede de saúde e de alinhamento com o que é necessário para a cidadania e a equidade em nosso sistema de saúde e sociedade. Nesse contexto, o Instituto se destaca na vanguarda, afirmando os novos princípios relacionados à saúde mental, contribuindo de forma contínua para a humanização dos serviços de saúde e disseminando o conhecimento como parte do ensino para os diversos acadêmicos envolvidos no serviço hospitalar", comenta o psiquiatra e diretor clínico do IMM, Vinícius Sguerri.
A alta desse paciente se tornou prioridade, afinal, o Instituto é um serviço de cuidados de saúde e busca romper com a antiga tradição de hospital psiquiátrico ou sanatório. "Trabalhamos com internações breves para estabilização e remissão de crises, com alta para a rede de saúde e lares, permitindo que essas pessoas recebam tratamento como qualquer outra demanda de saúde. Isso nos permite alinhar-nos com o que é preconizado pela Política Nacional de Saúde Mental e caminhar rumo à consolidação da remodelação do perfil institucional e assistencial. O caso desse paciente, que é emblemático, materializa a mudança institucional. A saída desse último morador simboliza e concretiza a transformação do Instituto, que oferece diversos serviços para atender às demandas de saúde da população de Uberaba e dos outros 86 municípios atendidos aqui, promovendo a cidadania, a liberdade e tratando a saúde mental como qualquer outra demanda de saúde, em um ambiente aberto, no lar", enfatiza Sérgio.