HVU recebeu 20 filhotes de gambá após início do período de reprodução
Carolina Oliveira
Com o início do período de reprodução dos gambás e a chegada da primavera (período chuvoso), que proporciona maior quantidade de frutos e principalmente insetos como besouros, as fêmeas se aproximam da cidade em busca de alimentos para os filhotes. Elas carregam os filhotes e por isso, ficam mais pesadas e consequentemente, mais lentas, tornando-se uma presa fácil. O HVU já recebeu vinte filhotes de gambás, nove deles órfãos, com a expectativa de receber quarenta marsupiais ainda este ano.
As fêmeas de gambás se reproduzem de uma a três vezes por ano, com o período de gestação entre 12 e 13 dias, após o qual podem nascer até 20 filhotes. "O gambá é presa de muitos animais como serpentes, gaviões, felinos (onças), cachorros do mato e lobos. Por isso eles se reproduzem tanto, e nessa época, devido à grande quantidade de filhotes, as fêmeas ficam muito vulneráveis, porque elas ficam mais lentas para conseguirem fugir, uma vez que elas estão carregando o peso dos filhotes. Elas ficam muito vulneráveis, ficam muito lentas, e isso tudo faz com que fiquem cada vez mais difícil para elas encontrarem lugares para se abrigarem e acabam aparecendo na casa das pessoas. Neste período, acabamos encontrando essas fêmeas e filhotes, e também muitos filhotes órfãos que acabam se perdendo devido a essa grande quantidade durante a fuga de algum predador ou algum filhotinho um pouco mais fraco que não consegue se segurar direito na mãe ou acaba caindo da bolsa", explica o aluno do 8° período e responsável pelo setor de animais silvestres do HVU, Henrique Imada.
Os animais estão cada vez mais se aproximando da zona urbana, seja a procura de abrigo, seja de alimento, e com os gambás não seria diferente. "Por que estamos nos deparando tanto com a existência deles aqui na cidade? Primeiro de tudo é pela perda de habitat, estamos invadindo cada vez mais os ambientes deles, e eles acabam migrando para a cidade e hoje até mesmo no centro da cidade, vemos bastante. Eles acabam encontrando uma certa disponibilidade de alimento, porque são animais que se alimentam de frutas, verduras e se alimentam principalmente de insetos, aracnídeos, e também de escorpiões. Ele acaba se incorporando nesse ecossistema que a vida selvagem acaba criando dentro da cidade, e se torna muito importante para o controle de insetos e de aracnídeos, e inclusive ele é imune a peçonha do escorpião, é imune ao veneno do escorpião, então ele comendo muito escorpião, muito inseto e acaba sendo fonte de proteção para nós", conta Henrique.
O HVU já recebeu vinte filhotes de gambá e nove deles são órfãos. Eles serão cuidados e posteriormente devolvidos à natureza. "A semiadulta com filhotes foi preparada, alimentamos e fortalecemos ela para a soltura. Após duas semanas, eles dobraram de peso, começaram a comer sozinhos bem e foram soltos na última sexta-feira, 14, com a mãe. Quanto aos filhotes órfãos, é um pouco mais complicado, porque eles precisam aprender a sobreviver, eles continuam andando junto com a mãe por muito tempo. Eles têm todos os instintos de sobrevivência, mas precisam que a mãe ensine onde encontrar comida, o que é comida, como eles podem comer, onde encontrar água, como se fosse uma escola mesmo. A mãe ensina a sobrevivência e claro que os filhotes órfãos acabam ficando deficientes nesse sentido. Posteriormente, encaminharemos eles para um Centro de Reabilitação que fica em Patos de Minas para eles serem preparados para posteriormente serem soltos", complementa.
Orientações
Se encontrar um gambá, seja em sua casa ou em ambiente urbanizado, é importante avaliar se são filhotes que estão sozinhos ou se são adultos. "Se forem filhotes e não estiverem com a mãe, provavelmente acabaram de se perder ou infelizmente a mãe morreu, porque precisam de ajuda para sobreviver. Agora se encontrar um gambá adulto, aparentemente saudável, o ideal é não mexer nele, provavelmente ele está vivendo ali e de alguma forma está tendo toda a importância biológica naquela região. Já uma fêmea com filhote, o ideal é não mexer, porque ela fica muito agressiva, elas podem morder para se defender, pois são animais que podem sim conseguir machucar uma pessoa. O ideal, caso você encontre o animal em situação de vulnerabilidade, sejam filhotes ou às vezes uma parceria machucada com filhotes ou próprio gambá mesmo machucado adulto, deve sempre ligar para o Corpo de Bombeiros (193) ou para a Polícia Ambiental que eles vão efetuar o resgate desse animal, e é muito importante informar se o animal está ferido, precisando de ajuda, que vão efetuar o resgate e vão trazer para ser cuidado aqui no hospital veterinário por nós", orienta Henrique.
De acordo com a Lei n° 9.605, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados é crime. "Muito confundem os gambás com os ratos. Por isso, as pessoas matam por acharem que são ratos e que podem transmitir doenças. Caso encontre fêmeas e filhotes em residência não aproximar ou agredir, afinal, os gambás são animais silvestres e não podem ser agredidos ou mortos. Chame sempre o Corpo de Bombeiros ou Polícia Ambiental", reforça o gerente clínico do HVU, Cláudio Yudi.