Grupo Petrópolis realiza primeira colheita de Lúpulo em Uberaba
A Universidade é parceira no projeto, validando tecnologias relacionadas à produção, preparo, cultivo, colheita, irrigação, além do controle de pragas e doenças.
Na última sexta-feira, 08, o Grupo Petrópolis realizou a primeira colheita de lúpulo em sua fábrica em Uberaba. Os testes na plantação começaram em julho deste ano, abrangendo dois hectares e um total de seis mil pés. O grupo já se destaca como o maior produtor de lúpulo no Brasil, com outra plantação em Teresópolis, que ocupa sete hectares. O lúpulo é um dos principais componentes da cerveja, composta por água, malte e lúpulo.
O Engenheiro Agrônomo e consultor agrícola especializado em cultivo e beneficiamento do lúpulo, Gabriel Fortuna, relata que o plantio ocorreu há cinco meses e que a primeira safra atendeu às expectativas do grupo. "Estamos em uma região com um potencial agronômico muito bom para outras culturas. Apesar de o lúpulo preferir um solo mais arenoso, está se desenvolvendo bem em um tipo de solo mais pesado, mais argiloso. Em relação ao clima, contamos com uma boa quantidade de insolação e uma amplitude térmica significativa. À noite, experimentamos temperaturas mais baixas, o que é favorável, pois o lúpulo aprecia essa variação térmica. Aqui, as condições climáticas mostram-se propícias para o cultivo de lúpulo. Uma das preocupações que temos e na qual estamos trabalhando no manejo para minimizar, é o estresse climático causado por temperaturas acima de 40°. Com o aumento constante das temperaturas, estamos implementando estratégias de manejo para reduzir esse estresse fisiológico nas plantas. Podemos considerar esse desafio como uma das questões a serem enfrentadas", pontua Gabriel.
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor e consumidor de cerveja no mundo. "Há uma demanda expressiva por lúpulo, sendo que 99% do lúpulo consumido pelas cervejarias é importado. Isso evidencia a necessidade de impulsionar a produção nacional, que atualmente abrange 110 hectares em todo o território, com uma produtividade estimada em 80 toneladas. No entanto, essa produção atende apenas cerca de 1% da demanda do mercado, que é notavelmente alta. Ao compararmos nossos resultados com os materiais genéticos provenientes da Europa, Estados Unidos ou Alemanha, percebemos que a qualidade nacional é similar ou até superior. Esse cenário é extremamente promissor tanto em termos de produtividade quanto, principalmente, em termos de qualidade", comenta Gabriel.
O Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Uniube, André Fernandes, explica que a parceria da Universidade neste projeto está focada na validação de diversas tecnologias, abrangendo desde a produção até o controle de pragas e doenças. "As primeiras plantações de lúpulo ocorreram na região serrana do Rio de Janeiro, com o Grupo Petrópolis, e também em Campos do Jordão, uma escolha justificada pela preferência da cultura por regiões mais frias. A vinda da Petrópolis para Uberaba foi seguida pelo início dos testes de plantas de lúpulo na região. Os resultados revelaram uma qualidade superior em relação às plantações no Rio de Janeiro, atribuindo-se esse êxito às condições de serrado, que propiciam a produção de lúpulo de excelente qualidade. Como parte dessa iniciativa, a Petrópolis destinou dois hectares dentro de sua fábrica para a produção de lúpulo, estabelecendo-se não apenas como uma estratégia de produção interna, mas também como um modelo inspirador para pequenos produtores. É um negócio muito rentável da agricultura", avalia.
"Plantamos dois hectares, um total de seis mil pés, e, se tudo ocorrer conforme o esperado, expandiremos o cultivo para todo o terreno da fábrica que ainda não foi utilizado, alcançando aproximadamente 70 hectares. Seguimos em frente, sendo o maior produtor do Brasil em Teresópolis, com sete hectares. O lúpulo desempenha um papel crucial no sabor da cerveja, sendo um componente vital no processo de produção. Nossa visão é transformar Uberaba na capital brasileira do lúpulo", complementa o presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria.
Carolina Oliveira | Universidade do Agro