Cerca de 120 obras do artista plástico neoconcretista e designer gráfico Amilcar de Castro passam a compor as instalações internas e externas do MuBE (Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia) a partir desta quinta-feira (11), em São Paulo. A exposição "Amilcar de Castro: na dobra do mundo" é uma homenagem ao centenário do multifacetado artista, que integra o rol dos maiores expoentes brasileiros na arte e cultura, acumulando títulos como o prêmio da Fundação Guggenheim e Prêmio Nacional da Funarte. A mostra é gratuita e pode ser visitada de quinta a domingo, das 10h às 16h, mediante agendamento prévio.
Dentre a seleção de trabalhos de Amilcar, há obras inéditas que serão apresentadas pela primeira vez ao público, como a escultura horizontal, composta por duas partes, da década de 1990, disposta debaixo da marquise do MuBE, e a alta e esbelta escultura, sem título, também da década de 1990, instalada na grama do jardim do museu. Outro destaque é a participação da escultura, sem título, de 1999, com gigantescas dimensões (18 metros de altura e mais de 20 toneladas), pertencente à Universidade de Uberaba (MG), que pela primeira vez percorre mais de 480km para ocupar novo lar temporário no MuBE a partir de março de 2021.
A mostra é realizada em parceria com o Instituto Amilcar de Castro e conta com a curadoria de Guilherme Wisnik (professor da FAU-USP, crítico de arte e curador), Rodrigo de Castro (filho do artista e diretor do Instituto Amilcar de Castro) e Galciani Neves (curadora-chefe do MuBE). "É realmente uma honra comemorar o centenário de Amilcar em um museu que conversa tanto com a proposta de trabalho do artista. É o encontro da instituição com as obras neoconstrutivas que remontam à universalidade da arte", celebra Rodrigo de Castro, destacando que as obras sempre estiveram conectadas ao urbanismo.
Outro ineditismo da exposição é a interação entre o trabalho de Paulo Mendes da Rocha (arquiteto responsável pela concepção do MuBE) e Amilcar de Castro. "O contraste entre a horizontalidade do prédio e a verticalidade das esculturas de aço corten de Castro resultam em uma fricção única entre arte, arquitetura e história", destaca Guilherme Wisnik, especialista em arquitetura, urbanismo e artes visuais. O curador também convida o público a celebrar o papel da ciência para nossa sociedade através do trabalho do artista: "as obras de Amilcar evidenciam a importância da engenharia e ciências exatas, essenciais para a construção de esculturas com altura e peso sobre-humanos, que as nossas mãos não alcançam nem mesmo conseguem suportar sozinhas".
As obras estão expostas no pátio do MuBE, ao ar livre, e chamam a atenção de quem passa despretensiosamente na rua pelo lado de fora, mas também atraem quem busca por uma programação cultural ao ar livre. "Estamos muito felizes por trazermos para o MuBE, esse ícone da arte brasileira, cuja obra tão bem conversa com o fato de o Museu ser esse espaço aberto que promove e incita o diálogo com a rua", ressalta a curadora da instituição, Galciani Neves.
Uma das atrações dentro da exposição é o capítulo matéria-linha, uma seleção de trabalhos contemporâneos de artistas brasileiros diversos, que dialogam com as obras do Amilcar. Carmela Gross, Lia Chaia, max willà morais, Moisés Patrício, Rubiane Maia e Carla Borba, Tomie Ohtake e Wlademir Dias-Pino fazem parte dessa seleção. "Nossa proposta é promover uma outra maneira de nos relacionarmos com o trabalho do Amilcar, trazendo uma visão atual a partir de diálogos que se relacionam com a ideia de linha, explorada pelo artista", completa Galciani.
Mais sobre Amilcar de Castro
Nascido em Paraisópolis, Minas Gerais, em 1920, Amilcar ingressou na Escola de Arquitetura e Belas Artes em 1944, e logo no ano seguinte foi convidado para expor suas obras no 51º Salão Nacional de Belas Artes. Desde então, o artista seguiu seu movimento de ascensão ao rol dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos.
Em março de 1959, assina o Manifesto Neoconcreto - publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil -, redigido por Ferreira Gullar e também assinado por Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim, Franz Weissmann e Theon Spanudis. Nasce aí o movimento neoconcreto brasileiro, inspirado na Bauhaus - escola de vanguarda alemã.
Serviço:
Exposição "Amilcar de Castro: na dobra do mundo"
Horário: quinta a domingo, das 10h às 16hLocal: Rua Alemanha 221, Jardim Europa - São Paulo (SP)Entrada: gratuita e apenas mediante agendamento prévio pelo mube@mube.art.br ou (11) 2594-2601Até 23 de maio de 2021.
Sobre o Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia
O MuBE, Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, foi criado a partir da concessão do terreno, situado entre a Avenida Europa e a Rua Alemanha, pela Prefeitura de São Paulo à SAM - Sociedade dos Amigos dos Museus, no ano de 1986, para a construção de um Centro Cultural de Escultura e Ecologia.