Equipe do HVU desenvolve prótese para seriema que teve perna amputada
Gerente clínico do Hospital Veterinário da Uniube (HVU), professor Cláudio Yudi, desenvolveu uma prótese para uma seriema adulta, que teve a perna esquerda amputada. Frederica, como foi apelidada pela equipe, foi encontrada no HVU há cerca de 2 meses por um colaborador, ferida, sem causa identificada.
"A seriema é uma ave pernalta, que anda e corre. Precisávamos de uma prótese dinâmica, fácil de colocar e tirar, de baixo custo e fácil manutenção e reposição. Sempre utilizamos como modelo o que já é utilizado, tanto em humanos quanto em animais. Nesse caso, nós desenvolvemos a prótese baseada nas utilizadas por humanos para corrida. Escolhemos esse modelo pela forma como é feita, o que permite que o animal andar e, principalmente, correr. Fizemos com um material leve, um plástico do tipo PVC, que nós moldamos para ficar semelhante às próteses de seres humanos que correm em Olimpíadas ou em maratonas, para dar uma estabilidade para ela andar e até correr após a adaptação", conta o gerente clínico do HVU, Cláudio Yudi.
Frederica está em fase de adaptação, mas não poderá retornar par a natureza. "Estamos testando para ver a adaptação da Frederica, ela melhorou muito a sua forma de andar e agora estamos fazendo alguns encaixes até ela entender que tem uma prótese, que é a nossa maior dificuldade. Ela está nesse processo há aproximadamente dois meses, estamos acompanhando a recuperação da ponta onde estava a ferida e agora ela não pode ser solta na natureza. Ela vai permanecer no HVU por um tempo, e posteriormente, será encaminhada para um mantenedor da fauna que possa cuidar dela até o fim da vida", pontua Yudi.
Histórico
A Frederica chegou há cerca de dois meses, é uma seriema de vida livre que fica no HVU e foi encontrada próximo à sala de raio-x, ao lado do consultório de animais silvestres. "Ela estava caída no chão, e quando tentamos pegá-la ela começou a correr e vimos que tinha uma fratura e estava sangrando. Conseguimos captura-la e trouxemos para o consultório. Vimos que era uma fratura no metatarso que estava avulsionada (presa somente por uma pele), e completamente infeccionado. Levamos ela para o consultório e fizemos um bloqueio no local, a analgesia e o corte dessa pele. Colocamos o curativo, porque o osso estava amputado no meio da perna. Não sabemos o que aconteceu, se foi atropelamento, ataque de algum animal errante aqui no hospital, que é raro, mas não podemos descartar", conta a médica-veterinária residente do setor de animais silvestres do HVU, Lara Bizinoto.
A equipe desenvolveu uma prótese provisória até que o professor Cláudio Yudi desenvolvesse a definitiva. "Ela ficou com curativo por um tempo até desenvolvermos uma prótese provisória, que eram dois pauzinhos de madeira, um de cada lado da perna. Era uma prótese mais pesada, mas ela se adaptou muito bem até o professor Cláudio desenvolver essa prótese de PVC, que é mais maleável. Mesmo com a nova prótese, continuamos fazendo os curativos porque o osso ficou exposto, e demora um pouco para cicatrizar e criar pele em volta. Agora ela está com essa prótese definitiva, em período de adaptação, porque não é o peso exato da perna dela, é como se ainda fosse um corpo estranho para ela. Essa prótese é mais no sentido do movimento natural do membro do animal, por ser mais maleável, a prótese toca o chão com mais elasticidade", finaliza Lara.