Cuidados recebidos na infância inspiram profissão de ex-paciente da Policlínica da Uniube
Aos 28 anos, Leidiane Pereira França tem uma história de superação e transformação que começou na infância. Aos 6 anos, ela foi diagnosticada com câncer na face e dentes, e fez o tratamento gratuito na Policlínica Getúlio Vargas da Uniube. Hoje, Leidiane cursa Odontologia em Catalão, mas não esquece os cuidados que recebeu quando mais precisou.
"Foram 17 cirurgias realizadas por alunos maravilhosos que me fizeram amar essa profissão. Como eu morava na região do Vale do Rio Grande na época, em Uberaba eles se tornaram meus amigos e minha família. O carinho que recebi foi tão grande que meu maior desejo é revê-los e agradecer mais uma vez por terem salvado a minha vida", destaca Leidiane.
O docente e supervisor dos atendimentos, Paulo Roberto Henrique, afirma que, na Policlínica, os alunos participam de todo o processo de acolhimento e diagnóstico clínico e laboratorial dos pacientes. "Preparamos os acadêmicos, desde as aulas de semiologia, não apenas para realizarem a anamnese e o exame geral extrabucal e intrabucal, mas também para desenvolverem a sensibilidade e o olhar humano diante de cada paciente. Quando são identificados casos suspeitos de câncer ou outras lesões, o aluno, sempre orientado pelo professor, é treinado para fazer as biópsias com responsabilidade técnica e empatia. O plano de tratamento é definido conforme o estágio da doença: nos casos iniciais, fazemos a intervenção cirúrgica; e nos mais avançados, indicamos radioterapia e quimioterapia", explica.
Apesar das poucas lembranças da época, Leidiane reforça a fala do professor ao relembrar o acolhimento que recebeu de toda a equipe. "Um dia, minha mãe desmaiou de fome, e uma estudante que havia levado uma marmita cedeu o almoço dela. Todo o tratamento foi muito bom. Todos que me atenderam sempre transmitiam esperança em relação à minha recuperação", recorda.
Além do histórico de câncer, Leidiane também é cardiopata e usa marca-passo. Mesmo diante das adversidades, ela mantém o brilho nos olhos e o entusiasmo pela vida. "Aquela fase difícil me fez querer ser uma cirurgiã dentista com empatia, que vá além da técnica. Quero retribuir o que recebi. Graças a uma instituição que preparou os alunos com excelência, estou viva. Sou imensamente grata a todos", conclui.
Policlinica Getulio Vargas
A Policlínica Getúlio Vargas está localizada no Campus Centro e conta com um conjunto de duas clínicas: Graduação e Pós-Graduação, com condições de atendimento a pacientes por demanda espontânea quanto por encaminhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o diretor da Policlínica, Otávio de Oliveira Filho, pacientes com suspeita de lesões bucais são encaminhados pelas Secretarias Municipais de Saúde e pelas Secretarias da Micro Região. "O Ministério da Saúde atribui grande importância a esses procedimentos, que fazem parte do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Uberaba conta com três CEOs, um deles instalado na Policlínica Getúlio Vargas. Quando necessário, realizamos uma abordagem multidisciplinar dentro da própria Policlínica. Os casos diagnosticados como malignos são encaminhados para tratamento terciário", esclarece.
Além disso, os exames anatomopatológicos (de lâmina) das lesões suspeitas são realizados na própria instituição. "O diagnóstico precoce, realizado na Atenção Básica ou por clínicos gerais, é fundamental para garantir melhor qualidade de vida e sobrevida aos pacientes. Outro aspecto relevante é a formação prática dos alunos, que se tornam agentes multiplicadores dessa abordagem humanizada e técnica", finaliza o diretor.