Aluno de Arquitetura da Uniube adapta rotina para se dedicar a projetos artísticos

A criatividade e inovação tão presentes na Arquitetura já faziam parte da vida de Adler Henrique Oliveira Bragança, antes mesmo dele ingressar nessa graduação. Com o isolamento social, causado pela Covid-19, o estudante do 5º período decidiu reformular a rotina. Além do tempo dedicado aos estudos, à família, à terapia e aos exercícios físicos, separou algumas horas para produzir um vídeo que retratasse a situação pela qual muitas famílias estão passando durante este período de pandemia.

Para passar pelo momento atual, Adler precisou se adaptar e pensar em novas formas de aproveitar o dia. Um dos compromissos do aluno foi se dedicar a projetos paralelos. “Ganhei as duas horas que passava dentro do ônibus todos os dias que, na verdade, se tornaram 40 horas mensais, se contarmos com os cinco dias da semana em que eu usava esse transporte para me deslocar até a Universidade. A efemeridade da vida, que o risco eminente desse vírus escancarou, também me trouxe a noção de que era necessário que eu tirasse do papel os planos realmente mais significativos para mim”, conta o aluno.

A convivência com a música desde a infância e a nova forma de pensar que Adler adquiriu foram cruciais para um projeto que chamou a atenção de colegas e professores nas redes sociais. “Decidi ir filmando momentos cotidianos - utilizando os recursos que tinha e com auxílio de um filtro do Instagram - como uma ida ao supermercado, minha irmã tendo uma aula remota, meus pais levando compras aos meus avós, o momento em que saí de carro para comprar um bolo de uma amiga e ajudá-la a faturar uma renda... Esses momentos já não são os mesmos de antes, devido ao uso da máscara, à ameaça sutil que nos espreita em todos os cantos, ao distanciamento”, conta.

Então, o estudante de Arquitetura editou todas as imagens e publicou um vídeo em que canta a música “Two Ghosts”, de Harry Styles. “Logo, comecei a perceber que a letra da música, apesar de ser originalmente pensada para uma relação romântica, falava muito sobre o momento atual. Isso me emocionou profundamente, sobretudo quando penso que, depois que o vírus chegou, não pude mais tocar nos meus avós. É pelo risco que eles correm, por estarem em grupos mais fragilizados. Quando tinha tudo pronto, as imagens e a música, editei tudo e fiz o clipe”, compartilha.

 O vídeo foi disponibilizado nas redes sociais do aluno e gerou repercussão positiva. “Devemos criar realidades possíveis, novos mundos, novas formas de olhar, lidar e melhorar o presente. O artista faz isso. Mas também o fazem o artista-arquiteto, o artista-engenheiro. Isso é o legal do conhecimento e da observação, nos permite fazer uma síntese do que o humano necessita, mas ainda não sabe. Olhar à frente. O que nós chamamos de arte, na minha opinião, é uma das expressões desse ‘criar’. Esse vídeo surgiu desse ímpeto de expressar os sentimentos, as vibrações que aquela música causava em mim e transmitir ao outro. Quis trazer isso através do canto, mas também através de imagens reais, que ajudassem a traduzir esse bloco de ideias”.

Apesar de toda a incerteza do momento, Adler afirma que a experiência da quarentena é desafiadora. “Vem para nos ensinar e nos mostrar algo, seja a nível pessoal ou coletivo. Mas sei que estou falando de uma situação privilegiada, muitos não podem dizer o mesmo. E, na realidade, é isso o que deveria ser mudado, o vírus está aí, outros irão surgir, a natureza não vai mudar, em vez disso, deveríamos mudar a nossa natureza como sociedade. A rotina nos protege. Aproveitem os momentos simples. Aproveitem essa oportunidade de olhar para dentro de si mesmos. Vamos trabalhar a humildade e a aceitação da falta de controle que temos sobre as mudanças da vida.”, conclui.

Confira o vídeo pelo LINK