Aluno da Uniube supera desafios para realizar o sonho de ajudar família
De família humilde, com condições financeiras restritas, mas com muitos sonhos em mente, o estudante de Direito, Luiz Fernando Oliveira, sempre soube que o único caminho para o sucesso era o da educação. Já no 7º período, enfrentou o desafio de sair do interior para buscar a qualificação necessária e, futuramente, ajudar a família. “O sucesso exige humildade. Humildade para entender que não somos detentores de todo o conhecimento e que sempre poderemos melhorar, seja no aspecto que for”, diz.
Luiz Fernando nasceu e foi criado em Ilicínea, cidade pequena, situada no sul de Minas Gerais. O cuidado dos pais, que nunca deixaram faltar nada para os filhos, despertou em Luiz o sonho de poder ajudar. “Por volta dos 14 anos de idade, por influência de um amigo, Wanderley Ribeiro Esteves, Policial Militar, nasceu um interesse pelo mundo dos concursos militares, de modo que o primeiro concurso que prestei foi o da Escola Preparatório de Cadetes do Ar (EPCAR), do qual fui eliminado logo na primeira fase (objetivas), porquanto totalmente despreparado, talvez em razão da pouca idade”, conta.
A reprovação não impediu o graduando de tentar novos desafios. “Em 2016, cursando o 3º ano do Ensino Médio, resolvi me preparar para prestar o concurso da Escola de Sargento das Armas (EsSA) e, não menos importante, o Enem. Até então, trabalhava na ‘roça’, com colheita de café, o que me motivava, ainda mais, a buscar os estudos, dada a dificuldade do serviço braçal. Estudei o bastante para ser aprovado na primeira etapa do concurso da EsSA e chamado a fazer os exames médicos (segunda fase), além de ter alcançado pontuação razoável no Enem, a qual possibilitava a matrícula no curso de Direito da Universidade de Uberaba”, continua.
As duas aprovações levaram Luiz a tomar uma decisão, segundo ele, uma das mais importantes e difíceis: ou se dedicava ao concurso da EsSa ou matriculava na graduação em Direito. “Depois de muito pensar e dialogar com amigos e familiares, optei por me dedicar exclusivamente ao curso de Direito, porque, a longo prazo, as perspectivas, do meu ponto de vista, eram mais vantajosas, a depender do esforço e dedicação empreendidos. Hoje, no 7º período do curso, com respeito à carreira militar, tenho a certeza de que fiz a escolha correta.”
E a decisão trouxe novos desafios, como a dificuldade de adaptação com a dinâmica da cidade de Uberaba, relativamente grande, e com o ambiente acadêmico, pela superação do acanhamento, tão presente, de acordo com Luiz, em pessoas interioranas. “Quando me mudei para Uberaba, meus pais não tinham condições de me ajudar, financeiramente falando, e eu ainda não tinha emprego, de modo que, inicialmente, precisei da ajuda de um primo, Wilson Tomaz de Oliveira Júnior, pela qual sou muito grato. Posteriormente, consegui um emprego num atacado de bebidas, vindo à tona outra dificuldade: manter os estudos e o trabalho, tarefas que demandam muita energia”, compartilha.
Mas o esforço valeu a pena, pois logo vieram novas oportunidades. “No início do terceiro período do curso fui aprovado no processo seletivo e convocado a exercer as funções de estagiário na Procuradoria-Geral Federal da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Posteriormente, em virtude de aprovação em processo seletivo e consequente convocação, assumi um estágio no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, cuja lotação de trabalho se deu no Gabinete da 5ª Vara Cível da Comarca de Uberaba, onde tive a oportunidade de aprender diversas matérias de natureza cível, na prática”.
Atualmente, Luiz é estagiário no Escritório “Ribeiro e Martins Advogados” e atua na confecção de minutas que envolvem diversas áreas do Direito. “Tive uma oportunidade única, pela qual serei sempre grato. Sou supervisionado por três professores reconhecidos no meio acadêmico, ocupantes das cadeiras de Direito do Consumidor, sendo Marco Túlio Nascimento Martins; Direito Empresarial, Fabiano Martins Ribeiro; e de Direito Administrativo, Marcelo Henrique Matos Oliveira, detentores de muito conhecimento e humildade. Por todo o exposto, julgo que estou no caminho certo, buscando aprendizados práticos que me auxiliarão”, enaltece.
Adaptação durante pandemia da Covid-19
A alta disseminação do novo Coronavírus e a necessidade de ficar em casa para evitar a contaminação fizeram com que a rotina dos alunos mudasse, mas Luiz leva a nova realidade com tranquilidade. As aulas da Universidade, atendendo aos posicionamentos de órgãos oficiais, como a Portaria nº 343 (alterada pela Portaria nº 345), do Ministério da Educação (MEC), são feitas remotamente via Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), dessa forma, o aluno viajou para a cidade natal e, de lá, acompanha tudo. “Nos anos anteriores tive pouquíssimas oportunidades de viajar para Ilicínea, junto à família. Acompanho, sem prejuízos, todas as aulas virtuais em tempo real, além de estar estagiando normalmente, tendo em vista que a maioria dos processos judiciais é eletrônica, o que possibilita o exercício das atividades inerentes ao aprendizado prático e à colaboração com o Escritório”, comenta.
O aluno parabeniza a Universidade e os professores. “Jamais deixaram ‘a peteca cair’, mesmo diante de tantas dificuldades causadas pela pandemia, que assola o mundo todo. É um acontecimento sem igual, cujos desafios não param de surgir, pelo que o comprometimento da Universidade e dos docentes é digno de aplausos, uma vez que a suspensão total das atividades acadêmicas traria incomensuráveis prejuízos à comunidade estudantil. Desde o início do curso, sempre estive cercado, majoritariamente, por excelentes Docentes, prestativos e cientes do dever que detêm – o de formar operadores do Direito, os quais, por sua vez, atuarão, num futuro próximo, em defesa de uma sociedade mais justa. A missão desses educadores, claro, não é nada fácil, mas, com certeza, está sendo cumprida”, finaliza o graduando Luiz.