Discursos
traduzem Mário Palmério
Durante mais de uma
década, o deputado defendeu que o progresso
do Brasil deveria ser fundamentado em uma política
voltada aos interesses do interior
Faeza Rezende Jacob
O Memorial
Mário Palmério acaba
de catalogar a íntegra dos discursos
que o fundador da Uniube proferiu em seus 12
anos de mandato como deputado federal (de 1950
a 1962). Esse acervo impresso foi enviado pelo
Centro de Documentação da Câmara
Federal, em Brasília, e já foi
totalmente digitado e revisado pela equipe da
Universidade de Uberaba (Uniube). Segundo o
coordenador do Memorial, o pesquisador e professor
André Azevedo da Fonseca, os 29 discursos
são fontes muito importantes para investigar
a cultura política de Uberaba, do Triângulo
e do país naquele período.
O
ano de 1950 significou uma nova era política
para a região do Triângulo Mineiro.
Contrariando a tradição eleitoral
concentrada sempre nas mesmas famílias
da cidade, Mário Palmério candidatou-se
a Deputado Federal por Minas Gerais pelo Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), legenda comandada
por Getúlio Vargas, e conquistou uma
surpreendente vitória.
Certamente,
devido ao seu notório interesse por questões
ligadas ao ensino, Mário Palmério
exerceu, durante todo o seu primeiro mandato
na câmara dos Deputados, a Vice-Presidência
da Comissão de Educação
e Cultura. Em 1954, foi reeleito e passou a
integrar a Comissão de Orçamento
e a Mesa da Câmara. Mais tarde, em 1958,
se reelegeu mais uma vez com sua mais expressiva
votação. O deputado só
abandonou o trabalho legislativo em setembro
de 1962, quando foi nomeado pelo presidente
João Goulart para o cargo de Embaixador
do Brasil no Paraguai.
Durante
seus três mandatos, ficou expresso nos
discursos parlamentares que Palmério
dedicou boa parte de sua representação
parlamentar à defesa dos interesses do
Triângulo e da interiorização
do desenvolvimento do Brasil.
Reforma
Universitária, requisito para o desenvolvimento!
Em
discurso proferido no dia 15 de junho de 1951,
na Câmara dos Deputados, Mário
Palmério já defendia modificações
no sistema educacional superior no país.
Educador e fundador da Faculdade de Odontologia
em Uberaba, Palmério propunha o aumento
do número de vagas nas instituições
de ensino superior. "O número de
estabelecimentos de ensino ginasial, 1º
e 2º ciclos, aumentou consideravelmente.
Em conseqüência, o número
de alunos diplomados por essas escolas é
muito grande. Não houve compensação
nas escolas superiores. O aumento dessas escolas,
proporcionalmente às outras, não
permite ainda a matrícula dos alunos,
cujo número foi sensivelmente elevado",
discursou.
Assim,
Mário Palmério vice-presidente
da Comissão de Educação
da Câmara apresentava uma alteração
ao projeto do deputado Celso Peçanha.
Naquela época, devido ao déficit
de vagas no ensino superior, muitos dos alunos
aprovados no vestibular em universidades públicas
não conseguiam matricular-se porque não
existiam vagas para todos. O substitutivo apresentado
por Palmério propunha que as escolas
superiores particulares que comprovassem a capacidade
de oferecer o curso fossem autorizadas a matricular
esses alunos excedentes.
Para
o deputado, o aumento do número de vagas
significava progresso e solução
para a regulamentação de profissões,
como a de odontólogo. Afinal, de acordo
com ele, no interior havia "carência,
absoluta ausência, de bons profissionais",
para promover o desenvolvimento da saúde
do povo brasileiro. "O país conta
com cerca de dez a quinze mil dentistas práticos,
cuja profissão não foi ainda devidamente
regulamentada, porque não existe no interior
de nossa terra o número de cirurgiões
dentistas legalmente formados para atender as
necessidades da população."
Para
o deputado, o progresso se basearia em uma política
voltada aos interesses do interior. "Não
podemos raciocinar e muito menos legislar com
a cabeça aqui no Rio de Janeiro. O problema
do Rio de Janeiro não é o do interior
do Brasil. (...) no Triângulo Mineiro,
cidades de 15, 18 e 20 mil habitantes não
têm um médico, um dentista formado.
Pergunto: vamos agora entravar a formação
profissional desses jovens que, amanhã,
vão para o interior?", indagava
aos colegas de parlamento.
O deputado Mário
Palmério na tribuna da Câmara
Federal, com Ulysses Guimarães, na
década de 1950 |
Impostos
ilegais: que estado é esse?
Em
discurso proferido no dia 25 de abril de 1952,
Palmério registrou um protesto contra
impostos que, para ele, foram instituídos
ilegalmente pelo governo mineiro. "O senhor
secretário de Finanças de Minas
Gerais mandou instalar, nas entradas e saídas
daquelas cidades, postos fiscais, com a incumbência
de taxar mercadorias, examinando, rigorosamente,
todo e qualquer veículo que por ali transite."
Ou seja, para um fazendeiro levar um saco de
sal até uma outra fazenda, era necessário
o pagamento de impostos.
Indignado
com o silêncio do governo mineiro e com
o agravamento da vigilância policial que,
para o deputado, insistia na manutenção
dos postos fiscais e nos processos violentos
e ilegais na taxação e cobrança
dos impostos, Palmério manifestou sua
reclamação: "Declaro, desta
tribuna, que estou, como representante do povo
do Triângulo, inteiramente solidário
com o povo de minha terra, revoltado com o procedimento
injusto, com o procedimento nefasto do Governo
do Estado contra o povo daquela região".
Naquela época, o governador de Minas
Gerais era Juscelino Kubitschek.
Contra
a arbitrariedade do então governo do
Estado, como dizia o deputado, estavam todos
os representantes da região triangulina.
"Reiterando o nosso protesto contra a violência
do atual Governo do Estado e o responsabilizando
pela intranqüilidade e violências
que têm lugar, hoje, nas cidades do Triângulo.
O povo quer trabalhar, quer produzir, quer progredir,
quer justiça para poder gozar de tranqüilidade
(...) Não foge ao pagamento de impostos
justos e razoáveis. Sempre os pagou.
O que não quer é porteiras e soldados
entravando o seu trabalho, tomando o seu tempo
e praticando violências."
Mário
Palmério exigia melhor aplicação
dos recursos. "Dêem-nos luz, água,
esgotos, escolas, hospitais para as nossas cidades
e todos pagaremos impostos com prazer."
E mais uma vez, demonstrou apoio aos seus conterrâneos.
"Assim o digo, porque sei que este é
o meu dever, o dever de estar com o meu povo
nas suas horas cruciais e não apenas
quando vou lhe pedir os seus votos."
Triângulo:
o sonho de um Estado
A
paixão de Mário Palmério
pelo Triângulo Mineiro foi demonstrada
sobretudo na defesa do movimento de emancipação
da região. Em sessão realizada
na Câmara dos Deputados no dia 28 de junho
de 1951, Palmério fez questão
de começar seu discurso reafirmando sua
origem. "Devo declarar que sou triangulino,
nascido numa das cidades do Triângulo
Mineiro, ali vivo, ali exerço minha modesta
profissão de mestre-escola, ali fiz toda
a minha campanha eleitoral e estou completamente
de acordo com o movimento que se alastra hoje
pelo Triângulo, visando sua emancipação
territorial."
Durante
a sessão, a principal preocupação
do deputado foi esclarecer as falsas informações
veiculadas sobre o movimento. "...é
um movimento sério, que já está
tendo repercussão nacional, e não
é justo, e não posso ler sem protesto
os comentários da imprensa que visam
tachá-lo de ridículo e estreitamente
anti-Minas, principalmente, quando se dá
a entender que esse movimento é manobrado
por certo setor da economia paulista."
Palmério
chegou a ter opositores à sua opinião.
Porém, os argumentos contrários
serviram como estímulo para uma defesa
mais apaixonada do movimento. "...o nobre
Deputado Rondon Pacheco (...) se coloca pela
permanência do Triângulo como região
mineira; eu me coloco como defensor da criação
de um novo Estado no país, estado esse
previsto e defendido pelo Conselho Nacional
de Geografia e Estatística e que é
o movimento defendido por uma verdadeira elite
de patriotas e pela grande maioria dos meus
coestadoanos do Triângulo Mineiro."
O
movimento existia há mais de 60 anos,
segundo o deputado, e era completamente lícito,
pois estava amparado em dispositivos constitucionais
que permitiam aos Estados se desmembrarem, se
anexarem e criarem novos territórios.
Conforme argumentava, a emancipação
visava, acima de tudo, o bem do Brasil. "(...)
novamente, minha profissão de fé
em favor do movimento pró-emancipação
do Triângulo Mineiro e pela criação
de um novo Estado na Federação
Brasileira."
Mais
uma revolta contra a violência do Estado
O
parlamento foi palco para a representação
da revolta pessoal de Mário Palmério
e da sociedade uberabense perante "distúrbios
gravíssimos" que ocorreram na cidade
em 1952.
Em
discurso no dia 9 de dezembro, Palmério
relatou o que havia ocorrido no estádio
Dal. Sacchi, no domingo que antecedera aquela
data, durante uma importante partida de futebol.
"Repentinamente, sem a menor justificativa,
numerosos policiais, tanto da polícia
militar, como da civil, investiram contra a
multidão armados de casse-têtes,
sabres e pistolas, numa indescritível
agressão, ferindo numerosas pessoas,
entre as quais podem se contar senhoras e crianças".
A
principal vítima desse dia tumultuado
foi o locutor esportivo que, no momento da agressão,
narrava a partida: Ataliba Guaritá Neto.
"Pessoa das mais categorizadas, pois trata-se
de ilustre vereador à Câmara Municipal",
declarou.
Segundo
Palmério, a revolta se generalizou por
toda a cidade de Uberaba por intermédio
da imprensa e de associações.
"Até quando continuará a
polícia do governo mineiro a espancar
o povo?", provoca o deputado. Mais uma
vez, Palmério criticou o governo de JK.
Nesse
mesmo dia, fez questão de mostrar que
seu protesto já tinha começado,
antes mesmo daquela sessão. Ele leu os
telegramas que havia enviado ao governador do
Estado de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek,
e ao ministro da Justiça, Negrão
de Lima, informando e lamentando o "inominável
atentado." Os recados transmitiram a revolta
da população de Uberaba, "(...)
povo uberabense se sente profundamente ferido
em seus mais legítimos e sagrados direitos
de segurança liberdade individual (...)".
Palmério
cobrou atitude por parte das autoridades federais
e estaduais. "Exijo do Sr. Presidente,
do Sr. Governador de Minas Gerais, a abertura
de um imediato e rigoroso inquérito,
a fim de que sejam severamente punidos os criminosos."
E antes de finalizar o discurso, mais uma vez,
enalteceu o povo de Uberaba e protestou: "Represento,
nesta casa, região próspera, progressista,
e, sobretudo, orgulhosa dos seus faros de civilização.
Briosos, os filhos do Triângulo, já
cansados de violências policias, fica
aqui, Sr. Presidente, mais esse meu protesto
que é, também, uma advertência
às altas autoridades policiais em Minas
Gerais."
O
deputado federal Mário Palmério
não poupou críticas políticas
ao então governador do Estado de
Minas Gerais, Juscelino Kubitschek. Ao lado,
sentado à mesa, o amigo Jorge Furtado. |
Imprensa,
uma aliada do povo
O
grande trabalho que a imprensa estava fazendo
para o benefício da população
foi exaltado em discurso publicado no dia 14
de dezembro de 1952. Palmério, que não
comparecia às reuniões há
alguns dias, estava ocupado com os vários
municípios da região triangulina.
Durante esse tempo, entre suas viagens pela
região, percebeu que a divulgação
do rádio estava se tornando cada dia
mais extensa e profunda. "(...) a Rádio
Tupi do Rio de Janeiro vem realizando um notável
serviço de divulgação dos
nossos trabalhos, numa colaboração
conosco por todos os títulos louváveis
e que deve merecer o nosso reconhecimento."
Naquela
época, começaram a ser transmitidos,
com grande destaque, todos os debates realizados
no plenário sobre os assuntos que despertavam
interesse nacional. "Reputo vital para
o regime essa identificação do
Povo com o Parlamento. Vital, Sr. Presidente,
porque mostra à Nação o
que realmente aqui fizemos, o trabalho que realizamos,
o esforço que despendemos em benefício
do progresso do país e do bem-estar do
povo. E o povo vai fazendo uma apreciação
mais fiel de seus representantes, vai conhecendo-os
melhor e, conseqüência, vai-nos julgando
com serenidade e com justiça."
Reinvidicando
falar "em nome do povo, pelo serviço
a ele prestado, e do parlamento", Mário
Palmério, ainda nessa sessão,
agradeceu à imprensa e ressaltou a importância
desse trabalho. "... a Rádio Tupi
do Rio de Janeiro e os jornalistas que organizam
esse programa de difusão merecem os nossos
aplausos porque estão prestando um grande
e relevante serviço ao povo brasileiro,
ao seu Parlamento e, sobretudo, ao regime."
Rumo ao interior... e assim
o Brasil cresce!
Para
Mário Palmério, o crescimento
do Brasil dependia da valorização
das políticas voltadas ao interior do
país. Ele defendia que a mudança
da Capital Federal para Goiás favoreceria
uma gestão administrativa compatível
com as necessidades do Brasil Central, sobretudo
em relação aos problemas básicos
que impediam o progresso do país, como
o aproveitamento do potencial hidrelétrico
e o desenvolvimento do transporte através
do investimento em ferrovias, rodovias e linhas
aéreas.
Assim
que foi concluída a criação
de Brasília, o entusiasmado deputado
fez questão de parabenizar o presidente
Juscelino Kubitschek e mostrar que a medida
já começava a apresentar resultados
positivos. "Na qualidade de representante
da região mais conhecida como Brasil
Central, na parte referente a meu Estado, Minas
Gerais, venho testemunhar nosso inarrável
júbilo pela consumação
de Brasília! Todos os problemas fundamentais,
quase todos (...), estão resolvidos.
E, para isso, bastou a realização
de Brasília", disse, visivelmente
deslumbrado, em discurso na Câmara, no
dia 1º de maio de 1960.
Brasília
seria oficialmente inaugurada apenas no dia
21 de maio, quando os Três Poderes da
República se instalaram simultaneamente
em Brasília. No entanto, as festividades
da inauguração já ocorriam
desde o dia 20 de abril. A nova capital, para
Palmério, já começava responder
à principal dificuldade do país:
a ocupação do território
brasileiro. "Quando aluno da Escola Superior
de Guerra, e ali se discutia muitas e muitas
vezes esse problema de interiorização
da nossa Capital, tive a oportunidade de aprender
que metade do Brasil é povoada e metade
desocupada.
Reforma
eleitoral: a base para a consolidação
da democracia
A
pressão para se restabelecer a democracia,
depois da Segunda Guerra Mundial, levou Getúlio
Vargas a convocar eleições. Devido
às suspeitas de que tramava um novo golpe,
Getúlio acabou deposto. A eleição
de 1945, que elegeu Dutra como presidente, utilizou
cédulas impressas que carregavam apenas
o nome de um candidato e eram distribuídas
pelos partidos. Esse sistema permitia fraude,
mas foi somente em 1955 que a própria
Justiça Eleitoral começou a produzir
as cédulas. Começaram a constar
nelas os nomes de todos os candidatos.
Porém,
em 1955, essas mudanças no processo eleitoral
só foram feitas nas capitais. Até
o ano de 1962, sete anos depois, a implantação
desse sistema não havia sido feita no
interior do país. E esse atraso na sua
aplicação nas cidades interioranas
indignava Mário Palmério, o autor
de Vila dos Confins livro que
tratava justamente de fraudes eleitorais.
Nos
meses de junho e julho de 1962, último
ano de seu mandato legislativo, pairava na Câmara
um protesto de Mário Palmério
contra essa pseudo-democracia que caracterizava
as eleições no país. "(...)
tem sido quase uma constante nas discussões
desta Casa a necessidade de se procederem, no
País, as chamadas reformas de base.
Sou dos que entendem que só poderemos
enfrentar essas reformas de base se realizarmos,
preferencialmente, a mais importante delas:
a reforma eleitoral."
As
eleições não eram feitas
de forma igualitária no país.
E Palmério defendia que a cédula
individual, que continha apenas um nome de um
candidato e era distribuída pelo próprio
partido, fosse substituída pela cédula
única, que continha o nome de todos os
candidatos e na qual o eleitor tinha que escolher
o seu representante marcando um "x".
Inconformado
com a desigualdade no país e com a falta
de democracia, Mário Palmério
constantemente indagava aos seus colegas de
parlamento. "Como podemos aceitar que uma
cidade, a minha por exemplo, com 8 escolas superiores,
com arcebispado, com 2 Juizados de Direito,
uma cidade esclarecida, possa suportar esta
discriminação, assistindo à
votação, no Estado vizinho de
São Paulo, de municípios como
Miguelópolis, Igarapava, de pequeno eleitorado,
que não têm o desenvolvimento cultural
e político que tem a minha cidade, como
tem a cidade de Juiz de Fora? Como pode alguém
que more ou seja eleitor em Juiz de Fora ser
tachado de analfabeto, de incapaz de votar na
cédula única?"
O
voto, que seria o fundamental instrumento para
a democracia, havia se tornado o principal mecanismo
para a sua descrença. Segundo Palmério,
o regime da cédula individual não
conseguia evitar a influência do dinheiro
nas campanhas eleitorais. Além disso,
a cédula que o eleitor recebia na fazenda
simplesmente podia ser trocada no meio do caminho.
Palmério
ressaltava que "a discriminação,
além de inteiramente inconstitucional,
é odiosa, injusta e inexplicável".
E fazia um apelo "... em nome de meu Estado,
em nome das cidades do interior do meu Estado,
em nome dos Estados que não querem aceitar
essa discriminação, para que ou
tenhamos, em 1962, a cédula individual
para todo o país, o que é um contra-senso,
o que é uma volta a um processo reacionário
e antipolítico, ou para todos os Estados,
todas as cidades, sem discriminação,
a cédula única".
Mais
uma vez, Palmério resistiu à oposição
e manteve seu protesto. A questão do
transporte não era desculpa, pois as
pessoas precisavam ir até a capital para
cumprir suas obrigações, como
o pagamento do imposto na Coletoria Federal
ou Estadual. "Por que esse homem não
pode ir de quatro em quatro anos, numa viagem
apenas, à cidade para cumprir mais esse
dever?" Quanto à dificuldade imposta
por eles, "(...) eu acredito que, em se
tratando de reforma, de um novo processo eleitoral,
haja efetivamente alguma dificuldade. Mas eu
prefiro essa dificuldade à impossibilidade
em que se encontra o eleitor do interior de
votar em quem deseja, porque, isto sim, não
é apenas uma dificuldade, mas absoluta
impossibilidade (...)".
Mário Palmério dizia lutar, acima
de tudo, pela democracia, para que pudessem
ter, em todo o país, em todas as cidades
brasileiras, no interior, nas capitais, em qualquer
Estado, sobre o mesmo processo eleitoral "(...)
apelando no sentido de darmos a todos os brasileiros,
de todas as cidades, o mesmo direito dos favelados
do Rio de Janeiro, o mesmo direito daqueles
habitantes dos mocambos do Recife, o mesmo direito
daquela classe de marginais que pulula e vive
nas grandes cidades, os "coloahards",
aqueles que vão votar pela cédula
única, enquanto nós utilizamos
esse instrumento que o próprio Senado
da República considerou superado, inadequado,
e que não atende aos interesses do País".
Confira
a íntegra dos discursos que
o deputado Mário Palmério
proferiu na Câmara Federal de
1950 a 1962 |
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