Diário
do Congresso Nacional
Sessão |
Publicação |
Assunto |
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Coluna |
02/07/62 |
03/07/62 |
Ev.
do art. 9º do substitutivo do Senado
ao P. 3159/57 (cédula única). |
S.17 |
1ª |
O
SR. PRESIDENTE:
Em
votação o art. 9.º:
O
SR. MÁRIO PALMÉRIO:
Sr.
Presidente, peço a palavra para encaminhar
a votação.
O
SR. PRESIDENTE:
Tem
a palavra o nobre Deputado.
O
SR. MÁRIO PALMÉRIO:
(para
encaminhar a votação Sem
revisão do orador) Sr. Presidente
e Srs. Deputados, chegamos, na votação
das emendas do Senado ao projeto de lei oriundo
desta Câmara, ao Art. 9º que, a nosso
ver é o mais importante de todos e o
que decidirá se teremos no País
a cédula única para todos os Estados
da Federação, ou se a teremos
apenas para os Estados da Guanabara, São
Paulo e para as capitais de todos os Estados
do Brasil.
Vamos
permitir, Sr. Presidente, que os nossos nomes,
os nomes de todos os candidatos a Deputado Federal
para a próxima legislatura para a constituição
da futura Câmara dos Deputados, vamos
permitir que os nossos nomes cheguem livres
de qualquer coação, livres de
qualquer tentativa de corrupção,
vamos permitir que os nossos nomes, os nomes
dos candidatos, cheguem às mãos
de todos o eleitorado de nossos Estados votando
contra a emenda do senado constante do art.
9º, emenda que, a nosso ver, é odiosa,
discriminativa, injusta e sobretudo inconstitucional.
Vamos impedir, Sr. Presidente, que os adventícios,
aquêles que se arvoram em líderes
políticos, em candidatos a um assento
nesta Casa, se apresentem ao eleitorado sòmente
às vésperas das eleições,
ao contrário do que fazem os políticos,
os Deputados eleitos, aquêles que construíram
carreira política trabalhando pelas suas
regiões, emendando o Orçamento,
liberando verbas, trabalhando, na Capital Federal,
na sede do Congresso, em benefício das
suas regiões; vamos impedir que êsses
adventícios, êsses "para-quedistas",
como muitos são chamados, fiquem pertubando,
fiquem conspurcando as bases eleitorais, lançando
as dúvidas, em resumo, lançando
mão dos recursos que a atual legislação
eleitoral lhes propricia para a desautenticação
do processo eleitoral e eleição
de ilegítimos representantes do povo.
Vamos
defender, sobretudo, o eleitor esclarecido;
vamos contrapor à tese de defender o
eleitor que não é esclarecido
a tese de defender o eleitor alfabetizado que
êste, sim, está sendo impedido
de votar pelo processo atual. Vamos permitir,
que todo o eleitorado de tôdas as cidades
e de todos os Estados tenha o seu instrumento
de votação e que possa votar em
quem bem entenda, sem depender de filas, de
transporte que, em geral, é pago pelos
candidatos mais favorecidos. Vamos permitir
que, pelo menos, êle se liberte na hora
certa da votação, quando no recinto
da cabine possa marcar a cruz no nome do candidato
de sua preferência. Vamos pensar um pouco
menos no mau eleitor. No eleitor corrupto, no
eleitor venal, no eleitor sem esclarecimento,
no eleitor que pouco se interessa pelas eleições
e apenas pensa em agradar seu chefe político
ou o cabo eleitoral. Vamos permitir que todo
o povo brasileiro compareça em igualdade
de condições. Por que apenas os
paulistas? Por que apenas os cariocas ou guanabarinos?
Por que apenas os moradores das Capitais podem
votar com a cédula única, com
a definição de eleitores conscientes,
e nós, dos outros Estados, das outras
cidades de todo o País, temos de votar
tachados de incompetentes ou de qualquer outro
qualificativo? Sr. Presidente, desejo fazer,
neste momento, encerrando meu encaminhamento,
apelo à União Democrática
Nacional com quem aprendi a defender a cédula
única, a defendê-la com os líderes
da União Democrática Nacional
que, neste momento, com seu próprio problema
resolvido, pois são deputados e candidatos
do Estado da Guanabara esposam a tese de que
os outros Estados não podem votar com
a cédula única.
Concluo,
Sr. Presidente, apelando no sentido de darmos
a todos os brasileiros de tôdas as cidades
o mesmo direito dos favelados do Rio de Janeiro,
o mesmo direito daqueles habitantes dos mocambos
do Recife, o mesmo direito daquela classe de
marginais que pulula e vive nas grandes cidades,
os "clochards", aquêles que
vão votar pelo (sic) cédula única,
enquanto nós utilizamos êsse instrumento
que o próprio Senado da República
considerou superado, inadequado e que não
atende aos interêsses do País (Muito
bem; muito bem)
DIÁRIO
do Congresso Nacional.
Sessão: 02/07/62. Publicação:
03/07/62. Assunto Ev. do art. 9º do substitutivo
do Senado ao P. 3159/57 (cédula única).
p. S 17. Coluna: 1.
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