Diário
do Congresso Nacional
Sessão |
Publicação |
Assunto |
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Coluna |
23/03/55 |
24/03/55 |
Necrológio
do Deputado Arthur Bernardes. |
1436 |
3ª |
O
SR. PRESIDENTE:
Tem
a palavra o Sr. Mário Palmério.
O
SR. MÁRIO PALMÉRIO:
(Não
foi revisto pelo orador) Senhor Presidente,
Srs. Deputados, por delegação
do líder do meu Partido, venho exteriorizar
a nossa emoção frente ao lutuoso
acontecimento que foi a morte do preclaro Presidente
Arthur Bernardes.
Venho
também a esta tribuna na qualidade de
mineiro, filho da mesma província daquele
ilustre homem público, e como um dos
seus maiores admiradores.
Poucas
foram as vêzes em que o Presidente Arthur
Bernardes comparecia a esta Casa que eu não
procurasse acercar-me dêle para ouvir-lhe
as constantes lições de patriotismo,
que eram tanto do seu agrado ministrar aos deputados
mais moços desta Câmara.
Pouco
posso falar sôbre o grandioso passado
do venerando extinto. Quando exercia a Presidência
da República, eu tinha apenas oito anos
de idade. Quero, entretanto, recordar a atitude
que invariàvelmente teve nesta Casa e
fixar sobretudo, a espécie de espanto
que sempre me causava a sua combatividade.
Arthur
Bernardes, Presidente do Partido Republicano,
agremiação de tradições
puramente liberais, participou das lutas as
mais corajosas, e comungou dos mesmos e generosos
ideais que hoje incendeiam a mocidade brasileira.
Homem velho o mais velho parlamentar
desta Casa, a sua voz conservava o timbre da
mocidade. Quando a Amazônia canta hoje
seu hino de alegria; quando o país inteiro
faz coro neste canto de entusiasmo e patriotismo
ante o jòrro abundante da riqueza do
petróleo brasileiro, devemos deter-nos
e venerar a figura extraordináriamente
combativa e patriota do Presidente Bernardes.
Ainda
há poucos dias, na Escola Superior de
Guerra, pude ouvir de vários oficiais
que frequentam aquele instituto de alto estudos
militares, o desejo de poder contar, como conferencista,
com a voz corajosa do Presidente Artur Bernardes,
Quando, há apenas dois ou três
dias transmiti a S. Ex.ª o que ouvira naquele
cenáculo o grande brasileiro remoçou.
Tomou, como sempre tomava, aquêla atitude
jovem, e a perspectiva de falar àqueles
homens não o atemorizou. Era assim o
velho Presidente Bernardes, cuja morte tôda
a nação brasileira chora e pranteia.
Sr.
Presidente: manifesto aos companheiros de Minas
Gerais, filiados ao Partido Republicano, o sentido
pesar da Seção mineira do Partido
Trabalhista Brasileiro e comungo com os deputados
mais velhos desta Casa na dor imensa que todos
experimentam com o desaparecimento do insigne
brasileiro. E com êles não posso
lembrar as notáveis ações
públicas que caracterizam a vida de Artur
Bernardes, posso contudo, como deputado novo,
inexperiente ainda, chorar a dor de um discípulo
que tinha no egrégio homem público
mineiro, um mestre sempre atento, sempre ensinado
o bom caminho do bom patriotismo. (Muito
bem; muito bem. O orador é abraçado)
DIÁRIO
do Congresso Nacional.
Sessão: 23/03/55. Publicação:
25/03/55. Assunto: Necrológio do Deputado
Arthur Bernardes. p. 1736. Coluna: 3.
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