Centro
de Documentação preserva acervo
Objetivo é
organizar documentos para incentivar e facilitar
trabalhos de pesquisadores
Andresa
Afonso
A
especialista em Organização
de Arquivos, Cristiane Ferreira de Moura,
coordenou o processo de higienização,
planificação e digitalização
das 1.030
fotografias de Mário Palmério
na Amazônia |
Por
que trabalhar com a documentação
da vida pessoal e profissional de Mário
Palmério? Em seus 80 anos de vida, Palmério
exerceu várias atividades e em cada uma
delas foi reunindo uma série de registros.
Ele foi professor, criador de faculdades, deputado
federal, escritor, embaixador, compositor, além
de fundador da Uniube.
O
Centro de Documentação está
reunindo registros em vários tipos de
formatos: correspondências, fotografias,
slides,
agendas e os diários
de duas viagens que ele fez para a Amazônia.
O acervo é chamado de "arquivo privado",
pois reúne documentação
de uma pessoa pública, que teve importância
nacional. Assim, esses documentos têm
valor não só para família,
mas também para toda a sociedade.
A
pesquisadora Cristiane Ferreira de Moura, responsável pela organização do arquivo, conta que esse
acervo até então estava disperso,
em caixas de papelão. "Muitas das
fotos e recortes de jornal estavam colados em
folhas de papel, o que danifica esses documentos."
Ela diz que outra das grandes dificuldades encontradas
são os clipes juntando fotografias: além
de amassá-las, com o tempo essas peças
de metal enferrujam e contaminam as fotos.
Marcas
de caneta esferográfica também
danificam, porque essa tinta é ácida
e corrói o papel com o tempo. Fitas durex,
informa a coordenadora, também são
grandes vilãs. "Muitas vezes as
pessoas até têm boa intenção
ao querer colar fotos rasgadas com durex,
mas precisamos pensar a longo prazo. Em poucos
anos, o durex seca, descola e deixa manchas
irreversíveis no documento, podendo até
mesmo comprometer a leitura. O que parecia uma
solução a curto prazo,
vira um problema lá na frente",
explica.
Em
um Centro de Documentação profissional,
até mesmo as caixas para armazenar devem
ser especiais de PH neutro para
que as fotografias sejam apropriadamente acondicionadas.
"O arquivo deve se estruturar para preservar
esses documentos não por dez ou vinte
anos, mas para cem ou duzentos anos. Estamos
trabalhando para os pesquisadores de hoje, e
também para a posteridade, para o benefício
de estudiosos que ainda nem nasceram".
Para
que a documentação dure o maior
tempo possível, o primeiro passo a ser
feito é a higienização
dos documentos: uma limpeza técnica completa,
de folha a folha, retirando a poeira. Para isso,
a equipe do projeto Memorial Mário Palmério
contou com o apoio de dois alunos bolsistas:
o estudante de História, José
Augusto da Silva Queiroz, e a aluna de Comunicação
Social, Aline Veloso Mendes. "Nesses meses
de trabalho, os dois se mostraram muito competentes
e dedicados. Foi um grande aprendizado para
todos", diz a coordenadora.
A
pesquisa histórica, feita por Cristiane
Ferreira e pelo professor André
Azevedo da Fonseca, busca informações
precisas para cada documento. "Nas fotografias,
por exemplo, vamos identificar e registrar quem
são as pessoas e qual o momento histórico
em que determinada foto foi tirada enfim,
vamos inventariar cada um dos documentos",
explica o professor.
A
equipe do Centro de Documentação
já transcreveu e digitalizou boa parte
do acervo para deixá-lo disponível
na Internet para consulta pública.
Documentos
Cristiane
Ferreira diz que no contato com a documentação
de Mário Palmério encontrou diários
muito minuciosos. O escritor parecia sempre
andar com uma agenda, com várias anotações,
demonstrando ser uma pessoa muito observadora.
Uma
grande curiosidade ainda pouco explicada foram
suas excursões à Amazônia. De
sua primeira viagem à região,
foram encontradas 1.030
fotografias tiradas por Mário Palmério,
somente neste período amazônico.
"As fotos estavam, em sua grande maioria,
emborcadas que é quando, devido
à falta de controle de temperatura e
umidade no acondicionamento, a fotografia se
curva. Nós efetuamos um processo de higienização
e planificação ou seja,
deixamos as fotos retinhas novamente.
Essas imagens eram inéditas. O Brasil
inteiro tinha curiosidade em relação
a esse período da vida de Palmério",
acredita Cristiane Ferreira.
Existe
também entre essa documentação
um glossário para suas obras, totalmente
inédito. Palmério dizia que "a
língua do povo não está
nos dicionários". Assim, como em
seus livros ele usava um linguajar bem regional,
o escritor preparou um glossário para
o vocabulário sertanejo de seus romances.
O glossário
de Vila dos Confins já foi transcrito
e ordenado, e está disponível
on-line.
O
Centro de Documentação integra a Biblioteca da Universidade de Uberaba.
Para agendar uma visita, o pesquisador pode
marcar um horário através do e-mail memorial@uniube.br.
Leia mais
Conheça o projeto
Memorial Mário Palmério
|